A disputa envolvendo a construção de um túnel ou ponte para fazer a ligação seca entre Santos e Guarujá (SP) ganhou mais um capítulo. Na manhã desta quinta-feira, um grupo de empresas, com apoio da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, lançou uma campanha para dissuadir o governo de São Paulo de construir uma ponte para fazer a conexão. A crítica de especialistas é que a estrutura comprometeria o crescimento do porto da cidade e colocaria em risco a operação, por ser um obstáculo para os navios.
Hoje, a principal proposta é a de inserir o custo do túnel, de R$ 2,5 bilhões de acordo com o projeto mais recente, dentro do processo de privatização do Porto de Santos, tocado pelo governo federal.
O lançamento da campanha, batizada de "Vou de Túnel", contou com a presença de Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos (SPA). "Eu acho muito mais factível incluir isso na administração do porto. A autoridade administra o ativo que conversa com o porto. A solução de túnel é para proteger a navegação", disse Carvalho, que é engenheiro naval. Ele lembrou que o porto só teria a ganhar com o túnel, que ele reduziria a fila de navios para atracar causada pelo trânsito de balsas.
Carvalho lembrou que outra saída seria uma PPP entre uma empresa privada e o porto de Santos. "A PPP faz sentido se o governo entender que a autoridade portuária não tem de fazer a gestão do ativo. Então se transfere para uma empresa especialista para construir e operar", disse.
A deputada federal Rosana Valle (PSB-SP) apresentou na quarta-feira uma carta ao Ministério da Infraestrutura solicitando a inclusão do projeto do túnel no edital de privatização do Porto de Santos, que está sendo montado pela pasta.
No ano passado, colocou-se na mesa a possibilidade de o custo do túnel entrar na concessão da Ecovias, que é a concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), principal ligação entre a região metropolitana de São Paulo e o Porto de Santos. Mas a empresa levantou dúvidas sobre a legalidade do projeto, que ele estaria fora da área da concessão. Segundo Carvalho, o governo de São Paulo não aceitou avançar com o tema.