Os juros futuros terminaram junho e o primeiro semestre nos pisos históricos, com destaque para o comportamento das taxas longas nesta sexta-feira, 28, que ampliaram a queda e renovaram mínimas na reta final da sessão regular. Profissionais nas mesas de operação atribuíram o forte aumento do apetite pelo risco prefixado a fatores técnicos, relacionados a operações típicas de fim de mês e de semestre. No pano de fundo, o mercado manteve o otimismo sobre a aprovação da reforma da Previdência no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar e a expectativa de um desfecho positivo para as questões comerciais entre Estados Unidos e China no encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, marcado para este fim de semana, no G20.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 5,85% (mínima), de 5,929% quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 6,730% para 6,64%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 7,12%, de 7,241% quinta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 7,571% para 7,44%.
“O movimento de queda nesta reta final é até surpreendente com o dólar de lado, mas não tem notícia nova. Vejo mais um ajuste nas carteiras dos fundos neste fim de semestre”, disse Getúlio Ost, trader da Sicredi Asset, lembrando também que ainda influencia positivamente os negócios as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quinta-feira, garantindo que a Previdência será aprovada no plenário até 18 de julho. Para isso, a comissão especial deve votar o texto da reforma na próxima semana.
Para alguns gestores, o mercado pode ter sido influenciado em alguma medida pelo vencimento em torno de R$ 46 bilhões de LTN na segunda-feira, quando também haverá pagamento de cupom da NTN-F julho de 2019, de cerca de R$ 20 bilhões. “O mercado normalmente fica mesmo mais doador às vésperas de vencimento de papel”, disse um deles.
O fechamento de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, que vinha sendo negociado há 20 anos, contribui para compor o clima favorável da sexta-feira, na esteira de outras boas notícias, como a redução da meta de inflação para 3,5% em 2022, definida no fim da tarde de quinta-feira pelo Conselho Monetário Nacional.
Aparentemente, não chegou a influenciar os negócios a decisão da Aneel de alterar de verde para amarela a bandeira das tarifas de energia que vai vigorar em julho, que prevê taxa extra de R$ 1,50 a cada 100 kWh consumidos.