Os cigarros da marca Souza Cruz ficarão mais caros a partir do último dia do ano em todo o País e serão mais um fator de influência de alta na inflação do começo de 2015. O reajuste médio é de R$ 0,50 para a maioria das carteiras produzidas pela fabricante brasileira, o que representa uma alta de aproximadamente 8,50%, como confirmado pela empresa. A expectativa de analistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, é que o reajuste dos cigarros da Souza Cruz tenha impacto de cerca de 0,09 ponto porcentual no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro.
O aumento, que ocorre em antecipação à elevação da tributação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre o setor de tabaco e vem sendo escalonada desde 2013, é um pouco mais da metade da última alta, que ficou na casa de 16%. O maço de Derby, que é o mais barato, vai passar de R$ 5,75 para R$ 6,25, enquanto o mais elevado (Vogue Blue, Lilás e Menthe) sairá de R$ 8,25 para R$ 8,75. Já o preço de Hollywood, um dos mais tradicionais, vai para R$ 6,50, ante R$ 6,00.
Com o aumento previsto próximo a 8,50% dos cigarros – que têm peso em torno de 1% na composição do IPCA -, o economista Bernard Gonin, da Bozano Investimentos, estima um efeito de 0,09 ponto porcentual sobre a inflação do primeiro mês de 2015. O reajuste, disse ele, vai se somar a outras pressões para o IPCA do próximo ano, como a entrada do modelo de bandeiras tarifárias. “Ainda há dúvidas em relação ao sistema, mas deve deixar a inflação bem salgada”, estimou, acrescentando que aguarda taxa acima de 1,00% para o IPCA do primeiro mês do ano que vem, ante 0,55% registrado em janeiro de 2014.
O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, também estima impacto de 0,09 ponto do item cigarro sobre o índice de inflação do primeiro mês de 2015. Contudo, ele pondera que o efeito incorpora não somente o aumento do IPI, mas também um eventual reajuste feito pela fabricante para recompor, por exemplo, margem de lucros. Com isso, Romão espera variação de 10,5% dos cigarros no IPCA de janeiro, que deve atingir 1,15%. “Claro que o forte disso reflete o IPI”, disse.
Administrados
Ainda para o economista da LCA, a estimativa de 1,15% para o IPCA de janeiro leva em consideração outros ajustes que estão encomendados para o começo de 2015, como o dos administrados. Entre eles, está o aumento médio de 8,5% nas passagens de ônibus urbano em Belo Horizonte, válido a partir desta segunda-feira, 29, e de R$ 3,00 para R$ 3,50 em São Paulo, aguardado para os próximos dias. Outra fonte de pressão, segundo Romão, vem dos alimentos, que devem ser influenciados especialmente pelo encarecimento dos produtos in natura, muito comum nesta época do ano, e ainda pelas carnes. “As carnes devem pressionar o IPCA de dezembro e também o de janeiro”, estimou.
Mas o maior fator de alta da inflação do início de 2015 deve vir dos preços administrados, principalmente da conta de luz, por conta do sistema de bandeiras tarifárias, de acordo com o economista. Segundo ele, o item energia deve ter variação de 10,5% no IPCA do mês que vem, o que tende a representar 0,31 ponto porcentual da taxa de 1,15% esperado para o índice cheio. “Vai ter uma contribuição importante e deixar o IPCA bem alto, lembrando que em janeiro de 2013 o IPCA foi de 0,55%, abaixo da média para o período”, disse.