Em recuperação judicial e com dívidas de R$ 2,33 bilhões, a Eneva, empresa de energia controlada pela alemã E.ON e pelo empresário Eike Batista, decidiu elevar em até 47% a remuneração dos administradores. Apesar de votos contrários, o aumento foi aprovado pela maioria dos acionistas em assembleia realizada nesta terça-feira, 30, no Rio de Janeiro.
Uma das justificativas apresentadas para a mudança foi “reter e motivar os membros da administração diante das dificuldades enfrentadas” pela empresa. Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), são citados ainda “esforços empreendidos pelos membros da administração ao longo dos últimos meses, com o objetivo de concretizar a estabilização financeira da companhia”.
Outro argumento levantado para a remuneração mais alta foi a reestruturação administrativa da companhia, que, segundo a empresa, gerou reflexos nas composições do Conselho de Administração e da diretoria.
De acordo com a Eneva (ex-MPX), o montante global anual da remuneração dos administradores – fixada em Assembleia Geral Ordinária de 28 de abril de 2014 – passa de R$ 8,5 milhões para até R$ 12,5 milhões. O valor irá vigorar até a Assembleia Geral Ordinária a ser realizada em 2015.
A reunião hoje teve a presença de acionistas que representam 74% do capital social da Eneva. O empresário Eike Batista, que possui 20%, participou da reunião por meio de uma representante.
Os acionistas também ratificaram na assembleia o pedido de recuperação judicial. A solicitação foi apresentada no último dia 9, na Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro. O processo inclui a holding Eneva S.A. e sua controlada Eneva Participações.
No último dia 16, a 4ª Vara Empresarial do Rio aprovou o processamento da recuperação. O plano, com proposta de pagamento dos credores, será apresentado em até 60 dias após o deferimento da recuperação.
Os acionistas aprovaram também a eleição de novos membros para o conselho, com mandato unificado aos demais integrantes até a realização da assembleia geral ordinária de 2015. Os eleitos foram Fabio Hironaka Bicudo e Adriano Carvalhê do Castello Branco Gonçalves. O conselho ficou com cinco integrantes, com alteração do número mínimo de membros – anteriormente eram oito.
Sem acordo
O pedido de recuperação ocorreu após a não revalidação do acordo para suspender a amortização e o pagamento de juros de operações financeiras contratadas pela companhia com os credores, expirado em novembro.
Em comunicado divulgado à época, a empresa disse que a decisão teve objetivo de preservar condições de caixa adequadas para a continuidade das atividades da companhia. A posição de caixa e equivalentes, em 30 de novembro, era de R$ 78,3 milhões.
As sete usinas termelétricas operadas pela empresa, que tem faturamento superior a R$ 2 bilhões, não foram incluídas no processo e continuam operando normalmente.