Economia

BC age na direção de elevar concorrência no mercado financeiro, diz Fernanda

A economista Fernanda Feitosa Nechio, indicada para a diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central, afirmou que a instituição “tem agido na direção de elevar a concorrência no mercado financeiro”. Segundo ela, há diversos estudos que mostram que a concorrência afeta o spread bancário.

“As fintechs tendem a ter especialização no crédito e têm potencial para dinamizar o mercado”, citou Fernanda, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A economista também fez uma defesa das reformas microeconômicas e das reformas mais amplas, como a da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional. Para ela, as reformas não vão promover uma “recuperação rápida” da economia brasileira, mas têm o potencial de alterar as expectativas, o que favorece os investimentos. “As reformas propostas e discutidas devem focar em melhoras na produtividade, no ambiente de negócios, e têm potencial de melhorar expectativas de crescimento”, disse Fernanda.

Mercosul-UE

A economista indicada para a diretoria do BC também comentou, durante a audiência na CAE, o acordo fechado entre o Mercosul e a União Europeia. Para Fernanda, o acordo é positivo e traz oportunidades para novos investimentos.

Compulsórios

A economista também disse que o BC está “em tendência de diminuir o nível de compulsórios” no Brasil. No entanto, ela reforçou o discurso mais recente da instituição, de que não há prazos para isso nem nível determinado a ser atingido.

“Os compulsórios foram muito importantes no Brasil durante a crise. Manter o nível adequado de compulsórios no sistema financeiro serve como segurança”, avaliou Fernanda.

Os compulsórios correspondem à parcela que os bancos precisam, obrigatoriamente, deixar depositada no BC, para controle de liquidez. Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou que o governo pretende liberar R$ 100 bilhões em compulsórios no futuro. No entanto, o BC, que é o responsável pela questão, pontuou que não há definição sobre isso, nem prazos estabelecidos. “A tendência é de redução de compulsórios, mas não há informação sobre objetivos e prazos”, disse Fernanda nesta segunda.

Questionada a respeito da possibilidade de uso de parte das reservas internacionais, hoje na casa dos US$ 388 bilhões, para estimular a economia, Fernanda defendeu que é arriscado fazer isso “de forma voluntarista”. “Isso pode abrir precedentes. Elas (as reservas) são um colchão de segurança”, avaliou.

Decisões do Copom

Durante a sabatina, Fernanda também esclareceu aos senadores que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em suas decisões sobre a Selic (a taxa básica de juros), leva em consideração não apenas a inflação cheia, mas também outras medidas de preços, “inclusive aquelas que excluem alimentos ou combustíveis”. “No processo decisório do Copom, outras medidas de inflação também são consideradas”, pontuou.

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