Economia

Na 1ª sessão do ano, dólar sobe 1,39% sob influência do exterior

O dólar abriu 2015 com ganhos generalizados ao redor do mundo. Expectativas renovadas de alta de juros nos EUA este ano e de novos estímulos na zona do euro deram força à moeda americana nesta sexta-feira, 2. Espremida entre o feriado de ano-novo e o fim de semana, a sessão no Brasil foi marcada por menos negócios, sendo que os investidores também iniciaram a adaptação aos leilões diários de swap menores do Banco Central, a partir de hoje. O dólar à vista negociado no balcão subiu 1,39%, aos R$ 2,6920. No mercado futuro, que encerra às 18 horas, a moeda para fevereiro avançava 1,25%, aos R$ 2,7125.

A divisa dos EUA iniciou o dia já com ganhos consistentes ante o real, em sintonia com o que era visto no exterior. Lá fora, além da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) eleve este ano suas taxas básicas de juros – o que pode prejudicar o fluxo de moeda para países emergentes -, os investidores reagiam a dados ruins divulgados na China e na Europa.

O índice dos gerentes de compras (PMI) do setor industrial da China caiu a 50,1 em dezembro, ante 50,3 em novembro, segundo dados divulgados ontem. A queda do PMI oficial foi divulgada um dia após indicador semelhante medido pelo HSBC mostrar baixa para 49,6 na leitura final de dezembro, de 50,0 no mês anterior, na primeira contração registrada na indústria chinesa desde maio. Na zona do euro, o PMI do setor industrial subiu a 50,6 em dezembro, de 50,1 em novembro. Apesar da melhora mensal, o resultado ficou abaixo da leitura preliminar, de 50,8.

Estes fatores de alta para o dólar foram reforçados por uma entrevista do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghia, divulgada na imprensa internacional. Segundo ele, os riscos para a capacidade da instituição em cumprir seu mandato de estabilidade de preços têm aumentado ao longo dos últimos seis meses e que as expectativas de inflação no médio prazo caíram desde junho. Isso deu força ao dólar ante o euro. Como fator adicional, o petróleo também recuava no mercado internacional.

No Brasil, a moeda americana chegou a marcar uma mínima de R$ 2,6760 (+0,79%) no balcão perto das 10h20, para depois acelerar até uma máxima de R$ 2,7080 (+2,00%) às 12h51. Durante a tarde, desacelerou um pouco os ganhos, para encerrar aos R$ 2,6920. O giro financeiro à vista somava US$ 1,271 bilhão perto das 16h30.

“O dólar já amanheceu forte em todo mundo, com o euro testando os US$ 1,20 com a fala de Draghi. Aqui a moeda americana acompanha”, comentou Cleber Alessie Machado Neto, operador da H. Commcor DTVM. “O exterior está com o dólar forte, após números piores da China e da Europa. Aqui temos poucos negócios, principalmente nesta tarde, o que faz operações menores mexerem mais com as cotações. Só que é mais fácil o dólar subir do que cair, em função da valorização lá fora”, avaliou durante a segunda metade dos negócios João Paulo de Gracia Corrêa, gerente de câmbio da Correparti Corretora.

Este movimento de alta firme para o dólar ante o real também ocorreu no primeiro dia em que o Banco Central ofereceu apenas 2 mil contratos de swap cambial em seu leilão diário (equivalente à venda de moeda no mercado futuro). Isso equivale à metade do que vinha sendo oferecido diariamente no ano passado. Outra novidade em 2015 é que o programa de leilões diários continuará pelo menos até 31 de março (três meses), e não por seis meses como vinha fazendo o BC a cada renovação. Na operação de hoje, a instituição colocou todos os 2 mil contratos (US$ 98 milhões).

Machado Neto, da H. Commcor DTVM, acredita que a oferta menor de swap do BC já contribuiu para a alta do dólar nesta sexta-feira, enquanto Corrêa espera que o impacto maior ocorra na segunda-feira, 5. “Mas não deve fazer tanto preço, porque o leilão já está dentro do número que o pessoal esperava”, acrescentou o profissional da Correparti.

Também pela manhã, o BC deu início à rolagem dos swaps que vencem em 3 de fevereiro (um total de US$ 10,405 bilhões). Foram vendidos 10 mil contratos (US$ 488,3 milhões). Se mantiver o ritmo até o fim do mês, o BC rolará 96,11% do total.

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