O aumento de capital no montante de 7,5 bilhões de euros anunciado na quinta-feira, 8, em Madrid pelo Santander Espanha é um passo necessário para o banco, que tinha nível de capitalização pior que o de seus pares europeus, segundo analistas e investidores ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Esse foi o primeiro grande anúncio desde que Ana Botín assumir, no ano passado, a presidência do grupo no lugar de seu pai, Emilio Botín.
O nível menor de capital do Santander vinha sendo alvo constante de preocupação de investidores. Por isso, mesmo que o anúncio inclua redução de dividendos de cerca de 66% e o risco de diluição da participação dos acionistas da matriz, um fundo de Connecticut que tem ações do Santander avalia que a operação é positiva e indica uma postura mais ortodoxa da nova administração do banco espanhol, que tem tentado ganhar mercado também nos Estados Unidos. “É claro que eu queria receber mais dividendos agora, mas o maior problema do banco, de capitalização apertada, caminha para ser resolvido e pode gerar melhores resultados no futuro”, disse o gestor, que prefere não se identificar.
O aumento dos dividendos no futuro depende, conforme comunicado do Santander, dos resultados. Em 2015, será de 0,20 por ação ante os 0,60 de antes. O valor em espécie aos investidores, porém, deve aumentar este ano devido à reformulação que o Santander fez na sua política de dividendos, elevando o montante pago em dinheiro. O banco espera distribuir 2,5 bilhões neste ano ante 1 bilhão referente ao resultado de 2014, segundo fonte com conhecimento no assunto.
Quanto ao aumento de capital, o Santander alega que o reforço de caixa permitirá ao banco acompanhar o crescimento das economias onde está presente, entre elas o Brasil. “Reforçar o capital agora irá permitir ao banco aproveitar as oportunidades de crescimento orgânico, aumentando o crédito e a participação de mercado em mercados-chave”, destacou em nota.
Para o analista do Société Générale, Carlos García González, o anúncio de hoje sinaliza uma mudança na postura da administração do Santander, que vinha defendendo tanto o nível de capital da instituição como a política de dividendos. A capitalização apertada do banco, porém, não era sustentável.
“Nós temos a confiança na melhora da economia em todos os mercados em que atuamos e do potencial do banco de crescer organicamente, aumentar o crédito e continuar a apoiar os nossos clientes, pessoas físicas como as empresas”, destacou a presidente do Santander, Ana Botín, no comunicado.
No Brasil, o anúncio colocou pressão negativa nos depósitos de ações (units) do banco. Fecharam em R$ 13,20, com queda de 1,57%, ante alta de 0,97% do Ibovespa. Analistas e operadores alegaram risco de diluição dos acionistas na Espanha, que não terão direito de preferência na operação, além de dúvidas sobre a destinação dos recursos e incertezas sobre os planos do banco europeu como os fatores responsáveis pela queda do papel no Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.