Os ganhos de competitividade obtidos pela indústria brasileira de máquinas e equipamentos em 2015, consequência da desvalorização do real, foram anulados pela apreciação da moeda em 2016, avalia a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo a entidade, o ganho, que começou a ser obtido em agosto do ano passado, passou a se perder em janeiro deste ano.
“As exportações começam a perder fôlego e as importações começam a ganhar fôlego”, afirmou o diretor de competitividade da entidade, Mário Bernardini. Para a Abimaq, “o curto período de desvalorização frente ao dólar” trouxe relativo ganho de competitividade, mas não viabilizou reposição de margens perdidas durante a crise.
Segundo Bernardini, mesmo que o real ainda esteja mais depreciado do que há dois anos, isto representa pouco para a indústria de máquinas e equipamentos porque as fabricantes brasileiras não competem com as empresas norte-americanas.
“Nós competimos com as empresas da Europa e do extremo Oriente, e em relação a essas moedas (dessas regiões) nós não ganhamos nada”, disse o diretor da Abimaq. De acordo com ele, as importações apresentavam curva decrescente até maio. “Claro que o resultado de um mês não me autoriza a dizer, mas é preocupante”, afirmou Bernardini.
Segundo a Abimaq, as importações de máquinas e equipamentos tiveram queda de 18,8% no semestre, para US$ 8,398 bilhões. Em junho, contudo, elas somaram US$ 2,320 bilhões, alta de 93,5% em relação a maio e de 44,1% na comparação com junho do ano passado.
As exportações, por outro lado, tiveram queda de 1,1% no primeiro semestre, para US$ 3,991 bilhões. Em junho, os embarques alcançaram US$ 695 milhões, estável em relação a maio, mas 2,3% maior do que o valor registrado na variação interanual.
Recuperação
A Abimaq aposta que o faturamento do setor voltará a crescer no último trimestre deste ano, afirmou Bernardini. Mesmo assim, a queda da receita este ano em relação ao nível de 2015 deverá ser superior a 15%. Seria a quarta queda anual seguida do setor, que é afetado principalmente pelo recuo dos investimentos no País.
A expectativa de melhora no fim do ano é sustentada por uma aparente estabilização das vendas desde março. Para a entidade, há uma tendência à estabilidade do indicador setorial, mesmo que em nível ainda baixo. “Parou de cair”, disse Bernardini, acrescentando que a curva do faturamento em 2016 tem se assemelhado aos anos de 2009, 2011 e 2015. “Mas entre dizer que parou de cair e que a retomada começa, há uma longa distância”, ponderou o diretor da Abimaq.
Para Bernardini, a saída para o crescimento, não só para o setor mas também para a economia brasileira como um todo, é apostar nas exportações e nas concessões públicas. “O Brasil precisa (de infraestrutura) e tem dinheiro no mundo. É só dar condições para que saia. Isso cria emprego e demanda e o trem começa a andar, a arrecadação sobe e o ajuste fiscal se faz automaticamente”, disse.
Segundo balanço da Abimaq, o faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos somou R$ 33,060 bilhões no primeiro semestre, queda de 29,3% em relação à primeira metade do ano passado. Só em junho, o setor faturou R$ 5,867 bilhões, alta de 4,2% ante maio, mas recuo de 23,7% na comparação com junho de 2015.