As medidas de incentivo ao crédito anunciadas na quarta-feira, 20, pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda são positivas, mas devem surtir efeito somente no médio prazo, pois o maior entrave ao crescimento do crédito no Brasil não é a oferta, mas a demanda dos consumidores. A avaliação foi feita nesta quinta-feira, 21, pelo economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, durante evento sobre o cenário econômico de 2015 promovido pela SCA.
“O que trava o crédito à pessoa física é a confiança do consumidor. Não é um problema de oferta, os bancos estão fazendo o dever de casa. O mesmo vale para as pessoas jurídicas”, disse o economista a jornalistas. Ele citou o crédito a veículos e disse que a retomada do crescimento nesse segmento dependerá do apetite do consumidor na busca por financiamento.
O economista destacou que, em sua avaliação, a inadimplência está em um dos níveis mais baixos da história, e que este não é um entrave para o crescimento do crédito. “Ao contrário do que muita gente fala, estamos vivendo uma das mais baixas inadimplências bancárias da história”, disse. Em sua visão, o que está “comendo” o orçamento das famílias é o maior nível de consumo e não o endividamento excessivo. Segundo Barros, existe maior inadimplência apenas em setores muito desfavorecidos dentro das classes D e E.
De acordo com Barros, o cenário atual de inadimplência foi criado pela maior cautela adotada pelos bancos desde 2011 e também pelo conservadorismo dos consumidores. Uma evidência, segundo ele, é a queda do crédito rotativo do cartão de crédito.