Economia

Em meio à crise por coronavírus, bancos não cumprem promessa de adiar pagamentos e sobem juros dos clientes

Ação "vendida como ajuda" era, em muitos casos, a proposta de um novo contrato, com acréscimo de juros

Após o anúncio da última semana de permitir aos clientes que adiem pagamentos de parcelas de empréstimos por até 60 dias para diminuir o impacto do coronavírus sobre a economia, os bancos recuaram na medida e, na maioria das vezes, sequer atenderam os requerentes do suposto benefício.

Uma reportagem assinada pelo jornalista João José Oliveira, publicada pelo UOL, na manhã desta sexta-feira, 27/3, denunciou que a ação de “ajudar” os correntistas em um momento de extrema incerteza era, na verdade, a proposta de um novo contrato, com acréscimo de juros.

Muitos clientes também não foram atendidos nas centrais telefônicas ou sofreram com a falta de informação dos gerentes. Além disto, causou constrangimento a versão do banco de que, “a possibilidade de adiar pagamentos só estaria disponível para clientes com a conta em dia”, informação que não ficou clara no lançamento da iniciativa, na segunda-feira, 16. Com isto, muitos correntistas estão se sentindo lesados, alegando “falsa propaganda” das instituições.

As empresas também têm reclamado da atitude dos bancos de aumentar os juros neste momento (em alguns casos, acréscimo de até 2,5 vezes a taxa). As instituições se defenderam à reportagem com respostas vazias e evasivas. Uma delas, o Itau, afirmou que “está cumprindo rigorosamente o compromisso assumido de atender a pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores já utilizados”, mas confirmou que, em alguns casos tem acrescido valores nos contratos dos clientes, justificando que tais correções podem ocorrer em função do IOF e da aplicação dos juros do contrato original sobre a carência adicional.

O correntista que se sentir lesado pode procurar o Idec, o Procon-SP ou a ouvidoria do Banco Central e abrir uma reclamação.

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