Economia

Inadimplência nas escolas particulares bate recorde em abril por conta da pandemia

Índice médio medido por associação em abril é de 15,6%, 6% a mais do que o calote no mesmo período em 2019

A crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus levou a uma alta de 6% no índice de inadimplência nas escolas de Guarulhos em abril, se comparado com o número medido no mesmo mês de 2019. De acordo com a Associação das Escolas Particulares de Guarulhos (AEG), 15,6% dos pais de alunos não pagaram as mensalidades dos colégios em abril. O índice foi de 5,28% no mesmo período do ano passado.

Sem aulas presenciais desde março, os colégios, sobretudo os menores, passam por apuros na hora de negociar com os credores, já que muitas famílias também sentem os impactos da crise em seus empregos e empresas. “Eu fiquei desesperada. Os pais estão sendo mandados embora e os autônomos não estão recebendo salários. Dei férias, paguei férias e salários corretamente aos meus funcionários e professores e continuo pagando água e luz normalmente. E ainda não consegui reduzir o valor do aluguel”, disse ao GuarulhosWeb a diretora da escola Pingo D’água Azul, no Vila Any, Priscila Melissa.

O colégio trabalhou com descontos de 10% no valor das mensalidades em maio e implantará, em junho, redução de 20% nas mensalidades. Apesar da medida, a instituição registrou 30% de inadimplência no último mês, índice que representa o dobro da média municipal. “As aulas ocorreram em uma plataforma digital que compramos e, agora, estamos usando outra. Estamos investindo em equipamentos para os professores porque alguns deles não têm tanta tecnologia. Só o celular não é suficiente para o suportar uma aula online”, completou a administradora.

Há notícias de outras escolas que fecharam por conta da crise, além das outras que não estão conseguindo lidar com o aperto financeiro e a queda de receita. “A maioria das escolas se adaptaram às aulas remotas e teve que investir em novos equipamentos, programas e capacitação de pessoal. Reforçaram os links de internet e servidores, em um momento em que talvez não esperavam investir nisso. A mudança de rotina trouxe a necessidade de inovar e isso custa dinheiro”, lembrou Wilson Lourenço, presidente da AEG e dirigente do Colégio Carbonell.

“As escolas têm muita dificuldade em conceder descontos, pois os custos não se reduziram. Estão em aulas remotas, com os professores trabalhando muito para que este momento seja enfrentado e o ano letivo seja aproveitado da melhor forma possível. A associação e as escolas têm alertado os pais sobre o momento delicado em que se encontram. Se todos deixarem de pagar e houver demissões de professores, não haverá escolas particulares quando a situação de normalizar”, completou.

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