Chinelos, embalagens de xampu, pneus, sacolas de plástico, garrafas de vidro, cigarros e muito lixo orgânico tomam o lugar do que, um dia, foi hábitat de peixes, fonte de alimento para comunidades indígenas e lazer para os paulistanos do século passado. Na manhã o último sábado, 3, a reportagem do <b>Estadão</b> remou de bote ao longo de 2,5 quilômetros do Rio Pinheiros, onde encontrou de tudo, menos a possibilidade real de vida naquelas águas.
Na altura da Estação Vila Olímpia, perto da Ponte Estaiada, os únicos animais no entorno do rio são as aves, enquanto o mau cheiro da decomposição de dejetos orgânicos torna a respiração difícil. Reunida em muitos conglomerados, a sujeira na água se mistura à pouca vegetação das margens e se dissolve quando tocada pelos remos. "Vocês têm coragem, hein, parabéns!", gritou um ciclista, ao avistar os botes no rio.
Fundador da Virada Sustentável, André Palhano explica para os 20 convidados do passeio a situação dos rios da cidade. "Qualquer lixo jogado no chão, da bituca de cigarro à garrafa plástica, acaba eventualmente indo parar no Tietê ou aqui", diz Palhano. "O objetivo (da ação) é aproximar as pessoas, para que elas não tenham apenas a ideia e o conceito, mas a experiência do que pode ser o principal rio da nossa cidade. Temos de cobrar dos gestores públicos, mas também temos de fazer nossa parte."
Um Pinheiros com água limpa até dezembro de 2022 é o objetivo do plano traçado pela Sabesp e por outros órgãos, com investimento é de R$ 1,7 bilhão. Uma das principais ações previstas é o aumento da capacidade de tratamento de esgoto, que deve saltar de 4,6 mil litros por segundo para 7,4 mil. Além disso, serão realizadas obras de saneamento básico nas bacias do rio, para evitar que o lixo chegue diretamente aos córregos que deságuam no Pinheiros.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>