O Conselho de Supervisão da gigante francesa Vivendi informou, no início da tarde desta quinta-feira, 28, em Paris, que entrará em negociações exclusivas com a Vivo, controlada pela Telefonica, para a venda da GVT no Brasil. A decisão representa um revés para a TIM, que disputava com a multinacional espanhola a compra da empresa-espelho que teve o melhor desempenho desde a privatização do Sistema Telebras, nos anos 1990.
As propostas das duas companhias telefônicas brasileiras, TIM e Vivo, pela GVT no Brasil haviam sido formalizadas aos diretores da Vivendi na quarta-feira, 27. Segundo comunicado da companhia francesa, a proposta da TIM previa 7 bilhões de euros, mas apenas 1,7 bilhão de euros em numerário. A maior parte seria paga em títulos da Telecom Italia Mobile, 16% do capital e 21,7% das ações com direito a voto, e da própria TIM Brasil, que repassaria à Vivendi 15% de suas ações. A oferta expiraria em 20 de setembro, mas foi considerada menos atraente pelos executivos de Paris.
Já a oferta da Vivo soma 7,45 bilhões de euros, parte em numerário – 4,66 bilhões de euros – e parte em ações da Telefonica Brasil, que lhe repassaria 12% do capital, e parte também em 5,7% do capital e de 8,3% das ações com direito a voto da Telecom Italia Mobile em poder da empresa espanhola. Essa oferta era mais urgente: expira nesta sexta-feira, 29.
“Aos olhos da estratégia do grupo e no melhor interesse de seus acionários, o Conselho de Supervisão decidiu entrar em negociações exclusivas com a Telefonica”, informou o comunicado distribuído pela Vivendi. A empresa destaca, porém, “a pertinência e a qualidade da oferta da Telecom Italia Mobile”
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Ainda de acordo com o Conselho de Supervisão, “o desengajamento da GVT permitirá ceder a última empresa de telecom detida inteiramente pela Vivendi, após as vendas da Maroc Telecom e da SFR”, diz a nota, que faz referência à número 2 do mercado francês.
“O preço proposto pela Telefonica foi considerado como particularmente atrativo, com um lucro de mais de 3 bilhões de euros”, completa o comunicado. “As outras condições da oferta, limitando ao estrito mínimo o risco de execução da operação e os engajamentos de Vivendi após a venda, respondem igualmente aos objetivos de Vivendi.”
A companhia francesa, que decidiu se concentrar na produção de conteúdo por meio de subsidiárias como a rede de TV paga Canal+ e o estúdio de cinema Universal, afirma que o acordo entre Telefonica e Vivendi “permitiria desenvolver projetos comuns na área de conteúdos e mídias” e que Vivendi, se quiser, “pode se tornar acionário da Telecom Italia comprometendo títulos brasileiros pelos italianos”. “A oferta da Telefonica responde melhor aos objetivos estratégicos e financeiros do grupo”, ressalta a empresa.