Os números do setor público consolidado do mês de julho sinalizam a possibilidade de não cumprimento da meta de superávit de 1,9% do PIB, na avaliação do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Para ele, o impacto negativo de uma falha em atingir a meta seria sobretudo o de afetar negativamente as expectativas de empresários e, com isso, prejudicar os investimentos.
“Acredito que o problema da questão fiscal não é um superávit menor, mas sim o fato de que o governo se comprometeu com algo que não pode entregar”, disse. “Isso é algo relevante no plano das expectativas uma vez que, se o empresário vê como pior o futuro, passa a esperar uma deterioração da atividade tão grande que não vai investir”, completou.
O setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 4,715 bilhões em julho, conforme informou há pouco o Banco Central. Pela série histórica da instituição, este é o pior resultado para o mês da série histórica iniciada em dezembro de 2001.
O economista considera que o cumprimento dos 1,9% do PIB de superávit não é provável, a não ser que o governo registre receitas não esperadas. Ele considerou que receitas extras como os R$ 18 bilhões do programa de parcelamento de débitos tributários, o chamado Refis, e o leilão do 4G, ainda seriam insuficientes.
Perfeito ainda destacou os investimentos como o ponto negativo nos números do PIB do segundo trimestre. “Os empresários estão em compasso de espera em relação a alguma novidade do governo e, na atual configuração, este governo não pode fazer nada”, disse.
Para o terceiro trimestre, o economista afirmou que “não ousa falar” numa variação positiva do PIB. “Pode ser muito próximo de zero, acredito que a economia brasileira entrou num quadro que pode ser classificado como uma quase estagnação”, declarou.