"O antigo conhecimento, que antes só estava disponível em livros, agora está nas tecnologias e cabe aos professores entenderem que essa junção é benéfica ao ensino". A frase do diretor do Grupo Educacional Eniac, Ruy Guérios, define bem o quadro da importância da tecnologia como instrumento de ensino.
Com esse novo modelo educacional, caberá ao professor, voltar a ser aluno e se inserir neste novo mundo digital. "O desafio do professor na era da informação é manter-se num processo de formação permanente para que esteja em consonância com a realidade dos alunos", afirmou o secretário municipal de Educação, Moacir de Souza.
A transição do tradicional quadro negro para o futuro com os dispositivos móveis tem sido uma das maiores dificuldades para os docentes, indica pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br). Dos 1.541 professores entrevistados, 64% acreditam que sabem usar bem menos as novas tecnologias do que os seus alunos.
Esse estudo reforça que há um grande desafio a ser superado pelos docentes: aprender a usar a internet e aproveitar a tecnologia como ferramenta de ensino para aqueles que já nascem convivendo com elas. "Hoje os profissionais que trabalham com ensino a distância têm um melhor preparo e uma convivência mais real com as tecnologias atuais", ressaltou Guérios. Para ele, o que precisa é os profissionais encararem a tecnologia de forma positiva, como um instrumento extra no aprendizado.
Mais do que se tornar adepto de um modismo, os educadores necessitam refletir sobre o que realmente muda no processo de ensino e aprendizagem com a inserção dessas novas ferramentas. "Temos que simplesmente evoluir de forma que a tecnologia seja encarada como uma ferramenta extremamente positiva para o aprendizado", ressaltou Guérios.
Salas de aula do futuro serão totalmente digitais
Ela vai unir modernos recursos da informática com o melhor do design de ambientes para tornar o estudo mais dinâmico e atraente. Os quadros negros serão substituídos por modelos inteligentes conectados a um computador que, além de manterem a velha função da escrita, também possibilitam que o professor selecione, exiba e modifique informações armazenadas no seu computador ou na internet.
Pode parecer um futuro longínquo, mas não é assim. No Eniac, isso já é realidade. Além de a lousa ser eletrônica, no próximo ano os alunos substituirão os antigos cadernos pelos tablet PCs – micros em forma de prancheta, conectados sem fio à rede de computadores da escola.
"Com essa sala o professor consegue ressaltar aquilo que julga mais interessante; bloquear os alunos, caso estejam fazendo algo fora do contexto da aula; pode também pegar a tela de algum aluno que estiver desenvolvendo um projeto interessante e mostrar para o restante da sala", ressaltou Guérios. Segundo ele, a sala, desenvolvida por uma equipe multidisciplinar, é a primeira em Guarulhos completamente digital.
Essa nova disposição do ambiente faz com que o professor se torne mais dinâmico e a sala um local para compartilhamento de conhecimento entre todos os estudantes, que se tornarão pesquisadores autônomos. "Alunos desta geração serão grandes produtores de conhecimento", afirmou Guérios.
Eles ainda buscam melhores condições de trabalho
Na data em que se comemora o "Dia do Professor", diversas adversidades são esperadas pelo profissional que vão além das salas de aula. Segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), muitos são os profissionais que trabalham em salas superlotadas, prejudicando o ensino e a saúde do professor – quando este acaba sendo obrigado a realizar mais do que a sua capacidade, quando este não é o ideal.
"Temos que ver as condições em que os professores estão inseridos. Para um ensino de qualidade, os professores precisam de condições de qualidade, para que eles consigam dar mais atenção a todos os alunos", afirmou Rosana Martiniano de Souza, conselheira estadual da Apeoesp. Segundo ela, a maioria das salas tem, em média, 50 alunos e os professores não conseguem dar a devida atenção e nem aulas de qualidade com essa quantidade de estudantes.
Outra questão é a desvalorização do profissional da educação, em relação ao seu salário, a um plano de carreiras que não atende as expectativas dos docentes, a falta de uma capacitação permanente para sua atualização, especialização e aperfeiçoamento. "Se essas condições não melhorarem a tecnologia não vai funcionar bem e consequentemente o aluno não estará inserido neste mundo digital", complementou Rosana.