O dólar acabou fechando a sexta-feira, 4, em queda e acumulou desvalorização de 3,8% na semana, a terceira seguida de perdas para a moeda americana ante o real e a maioria das divisas mundiais. A crescente expectativa por um acordo em Washington para um pacote de estimulo fiscal, reforçada hoje pelos dados abaixo previsto do mercado de trabalho americano em novembro, fez o dólar testar novas mínimas mundiais esta semana, com algumas moedas, como o franco suíço, caindo ao menor nível em 5 anos. No Brasil, a entrada de fluxo para a Bolsa persiste em dezembro e hoje ajudou a suavizar a pressão pela moeda americana no mercado à vista, que é comum nesta época do ano para remessas de juros e dividendos, por empresas e fundos.
No fechamento, o dólar à vista terminou em queda de 0,30%, cotado em R$ 5,1246. O dólar futuro para janeiro terminou em leve alta de 0,05%, a R$ 5,1555.
Apesar da queda nas últimas semanas, no ano, porém, o dólar ainda acumula alta de 28% ante o real. O Banco Mizuho calcula que o real continua subvalorizado em relação ao dólar em cerca de 6,70%. O estrategista-chefe do Mizuho, Luciano Rostagno, comenta, em nota, que a explicação para esse desempenho fraco do real é a "posição fiscal frágil do Brasil". Se a agenda de reformas andar, ele prevê valorização da moeda brasileira, com o dólar encerrando 2021 a R$ 4,90.
Apesar das preocupações fiscais, os preços atrativos dos ativos do Brasil e de outros países da América Latina acabaram falando mais alto e atraindo investidores para a região, ressalta o economista-chefe para a América Latina do ING, Gustavo Rangel. "As preocupações fiscais ainda permanecem elevadas, mas surgiram perspectivas de um cenário mais construtivo na medida em que o governo e o Congresso permanecem comprometidos a ajustar as contas fiscais em 2021", reforça Rangel, em relatório a investidores. O economista prevê que o dólar vai seguir acima de R$ 5,00 ao longo de 2021.
"O fluxo segue comandando os negócios no mercado de câmbio", ressalta um gestor de multimercados, destacando que os fundos estão reduzindo de forma crescente apostas contra o real no mercado de derivativos da B3. Na Bolsa, o fluxo está positivo em R$ 1,4 bilhão este mês. Com isso, após operar parte do dia em alta, o dólar passou a cair no final da tarde e atingiu a mínima de R$ 5,11. O Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, termômetro do risco-país, caiu a 152 pontos hoje, no menor nível desde o início de março.