O ex-ministro da Fazenda e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Nelson Barbosa voltou a afirmar nesta terça-feira, 13, que a economia brasileira deverá se estabilizar nos próximos meses sob o estímulo da manutenção da apreciação do câmbio, consequente desaceleração da inflação, recuo da taxa de juro real e flexibilização da política fiscal. Segundo Barbosa, que falou na abertura do “13º Fórum de Economia – Semiestagnação desde 1981. Por que?”, realizado em São Paulo pela Fundação Getulio Vargas e Escola de Economia de São Paulo (FGV-EESP), agora é consenso entre os economistas que a economia tende a se estabilizar, o que é uma previsão que ele já fazia no final do ano passado enquanto ministro da Fazenda.
“Tendo a concordar com a maioria dos economistas de que o nível de atividade deve se estabilizar até o final do ano. Isso é o que a gente já falava no final do ano passado e agora é uma opinião cada vez mais consensual, disse, ponderando, no entanto, que estabilização não é recuperação . “Vai se estabilizar porque vai ter os efeitos expansionistas da apreciação do real e os efeitos expansionistas da queda da taxa de juro real mais a flexibilização fiscal”, afirmou.
Barbosa lembrou que a taxa real de câmbio teve uma depreciação de 44% da eleição até setembro de 2015. A partir de setembro do ano passado, houve uma apreciação de 33%, que quase que zerou a desvalorização. “Agora a expectativa é de que ela fique estável. A depreciação causou aumento da inflação e recessão. A apreciação agora gera manutenção, vai causar uma queda da inflação e uma expansão da demanda agregada, principalmente em 2017.”
Na taxa de juro, o pico da taxa real foi em setembro de 2015, quando chegou a 8,6%. Desde então já caiu 1,5 ponto porcentual, para 7,1%. A expectativa do mercado é de que esta taxa caia para cerca de 5,5% até o final do ano que vem. “Já há uma redução de taxa de juro real esperada. Isso também tende a contribuir para uma recuperação do nível de atividade nos próximos meses. Então temos, seja do ponto de vista de juros seja do ponto de vista cambial, algumas forças que tendem a estabilizar a economia brasileira no curto prazo”, disse.
“O risco é voltar uma política fiscal contracionista já no curto prazo devido à manutenção da meta de resultado primário e contingenciamento, a tentação da depreciação cambial na ausência de avanços de outros setores, e a tendência do Banco Central manter a Selic elevada por muito tempo”, acrescentou Barbosa, para quem isso causaria uma bolha especulativa. “Essa bolha até estimularia a economia no curto prazo, mas geraria problemas para o final de 2017 e início de 2018”, explicou.