Economia

Empresas brasileiras de tecnologia miram bolsa dos EUA

As bolsas de valores dos Estados Unidos poderão ter, a partir de 2015, a primeira representante brasileira do setor de tecnologia e internet. Empresas com esse perfil começaram a reunir esforços para abrir capital, permitindo a “saída” de investidores e a captação de recursos com o objetivo de impulsionar o crescimento no mercado brasileiro. Conforme apurou o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ao menos cinco companhias com esse perfil iniciaram tratativas para acessar o mercado americano.

Com o cenário negativo para ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) no Brasil e a percepção de que o mercado brasileiro tem menos apetite por operações desse segmento, as companhias do setor estão sendo cortejadas pelas bolsas de valores dos EUA, que oferecem liquidez e interesse de fundos focados em tecnologia.

“Há muita conversa na América Latina, para as empresas entenderem os processos e os benefícios de listar ações em Nova York”, disse Alex Ibrahim, vice-presidente para a América Latina da New York Stock Exchange (Nyse), onde estão listadas 32 companhias brasileiras – nenhuma do setor de tecnologia. Desde novembro de 2012, nenhuma companhia do País recorre à bolsa de Nova York para lançar sua oferta. A última foi a BrasilAgro.

Já a Nasdaq, conhecida por abrigar empresas de tecnologia, tem apenas uma brasileira listada, a Garnero Group, que possui como finalidade realizar operações como fusões e aquisições e não é do setor de tecnologia.
Nos EUA, a listagem de empresas de internet ou tecnologia está aquecida neste ano, que já é o melhor desde 2000, segundo dados da Dealogic.

Segundo Ibrahim, as empresas da região ficaram animadas após a oferta da argentina Globant, do setor de TI, que levantou US$ 59 milhões na Nyse em julho deste ano. Também está em curso a oferta da Atento, companhia de call center com presença dominante na América Latina.

Candidatas

A Decolar.com,empresa que tem como acionista o fundo de private equity General Atlantic e o Tiger Global Management, já consulta o mercado sobre a possibilidade de uma abertura de capital ou no Brasil ou na Nasdaq desde 2013, segundo fontes. “No meio do ano que vem, a empresa deve estar pronta para acessar o mercado”, disse uma das fontes. Alípio Camanzano, diretor da Decolar.com e responsável pela operação brasileira, disse que a companhia pode realizar seu IPO em algum momento nos próximos dois anos e que a Nasdaq seria uma escolha natural. O momento ideal para uma abertura de capital, porém, dependerá do comportamento do mercado.

Outro grupo que cresceu após o aporte de fundos é o Bebê Store, de produtos para bebês e gestantes. A companhia recebeu R$ 30 milhões dos fundos W7 Venture Capital e Atômico. Em junho, a empresa comprou a concorrente Baby.com.br e vem sendo apontada como candidata para fazer o IPO.

“Estamos fazendo uma pesquisa para conhecer melhor os mecanismos e opções que o mercado de capitais oferece no Brasil e fora, mas não temos nada definido no curto prazo”, disse o presidente Leonardo Simão. No e-commerce de moda, a Dafiti já vinha estudando o mercado para uma abertura de capital até anunciar, na última semana, uma fusão com outras quatro empresas do segmento Jabong (Índia), Lamoda (Rússia), Namshi (Oriente Médio) e Zalora (sudeste asiático e Austrália), formando o Global Fashion Group. O CEO da companhia brasileira, Philipp Povel, diz que uma abertura de capital “permanece sendo uma boa opção”.

No início do ano, a rede de artigos esportivos Netshoes chegou perto de um IPO, mas as condições desfavoráveis no mercado afastaram a ideia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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