Uma pesquisa inédita no Brasil feita pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP indica a existência de um ciclo hereditário ligado ao baixo peso infantil e que pode afetar a vida adulta, aumentando as chances da pessoa desenvolver doenças crônicas. "Existe um ciclo intergestacional do baixo peso", destaca a professora Ana Escobar, especialista em pediatria do HC. Segundo ela, pessoas que nascem com menos de 2,5 quilos têm maior probabilidade de apresentar futuras doenças crônicas e também de gerar filhos com baixo peso.
De acordo com a médica, o aleitamento materno pode fazer grande diferença nesse processo. Entretanto, o estudo do HC mostrou que aqueles que mais precisariam amamentar acabam ficando impossibilitados. "Das 1.600 crianças que estão sendo avaliadas, 11,2% nasceram com baixo peso. Dessas, 34% nunca puderam vir a mamar no peito, por estarem em incubadoras ou por outras impossibilidades causadas por problemas intrauterinos", informa. Já entre os 88,8% de crianças que nasceram com peso normal, apenas 4% não vieram a amamentar. "Quem mais precisa é quem fica sem", observa.
A pesquisa do instituto também está avaliando as mães das crianças e as condições de gestação. Foram analisadas 141 mães com média de idade de 25 anos. Dessas, 31 apresentaram problemas de hipertensão durante a gravidez. "O estudo mostrou que 42% das mães que tiveram problemas de hipertensão haviam nascido com baixo peso. Seus filhos também terão maior chance de nascerem com baixo peso e de serem hipertensos quando adultos, completando o ciclo", aponta a especialista.