Saúde

Leite de vaca pode ser o vilão da Páscoa

Esse alimento contido na maioria dos ovos de chocolate, pode ser extremamente perigoso para as crianças

Na Páscoa, o que era para ser um momento de muita alegria e fantasia envolvendo os ovos de chocolate, pode se tornar um verdadeiro pesadelo para muitas mães. Embora muitas delas não saibam, o leite de vaca, alimento contido na maioria dos ovos de chocolate, pode ser extremamente perigoso para seus filhos. Isso, pois as proteínas contidas neste produto, como a Caseína, a Alfa Lacto Albumina e a Beta Lacto Globulina, são grandes causadoras de alergias alimentares. Além disso, a Lactose, o açúcar encontrado no leite bovino, é provocadora de um processo diferente da alergia alimentar, chamado intolerância alimentar.

Ambos os processos podem ser bastante perigosos, sobre tudo a alergia alimentar ao leite bovino, que pode levar ao óbito, e pode se desenvolver em qualquer pessoa, independente de sua idade, sexo ou estilo de vida. No entanto, os recém nascidos são os mais afetados pelas doenças, e cerca de 6% das crianças até o 3º ano de vida sofrem com a alergia alimentar. Já a intolerância à Lactose, como aos demais compostos de diversos alimentos como o Glúten, os crustáceos, além de corantes e conservantes, atinge 25% dos brasileiros.

"A criança é quem mais sofre, pois o sistema imunológico dos recém natos ainda é imaturo, favorecendo o surgimento da alergia alimentar, uma vez que seu sistema de defesa não está totalmente formado. Além deste fator, a introdução precoce, em crianças, de leite de vaca, contido em grande parte dos ovos de chocolate, favorece à agressão da mucosa intestinal imatura. Isso aumenta muito a permeabilidade intestinal a macromoléculas do leite bovino, induzindo a uma resposta imune de alergia", afirma o Alergista e Imunologista, Coordenador Técnico do Projeto Social Brasil Sem Alergia, Dr. Marcello Bossois.

Alergia Alimentar – A alergia alimentar é uma doença caracterizada pelo aparecimento de reações adversas após o consumo de um determinado alimento, tendo como mediador o sistema imunológico. O organismo identifica parte do alimento como substância estranha, ou ameaçadora. A substância capaz de desencadear a alergia, que na maior parte dos casos é uma proteína, como a Caseína, presente em muitos ovos de Páscoa, recebe o nome de alérgeno.

Neste processo, Para se defenderem dessas substâncias, as células do sistema imune produzem moléculas chamadas Anticorpos, como o IGE. Esta reação incita outras células especializadas, os Mastócitos, a liberarem uma substância chamada Histamina, que será a responsável pelos mais variados sintomas alérgicos. Ou seja, uma criança pode ser alérgica às proteínas presentes no leite de vaca, mesmo que seus pais ainda não saibam, e ao ingerir o ovo de chocolate seu organismo dá início à uma "guerra" para combater tais substâncias, o que provocará preocupantes incômodos.

Sintomas

"Os sintomas das alergias alimentares podem ser variados, sendo mais frequente o surgimento de alterações gastro-intestinais aguadas ou crônicas com diarréias e cólicas abdominais, além de manifestações respiratórias como rinite, sinusite, asma e otite. As reações na pele são comuns com as dermatites de contato, eczemas de contato e urticárias. Mas, dependendo do grau de alergia da criança, as reações podem ser muito perigosas, desde hematológicas como anemia e aumento dos eosinófilos, podendo chegar a um processo de choque anafilático, o que poderá levar o paciente ao óbito", comenta o Alergista.

O que causa?

A doença pode ter influência de múltiplos fatores, que poderão provocar seu surgimento, ou aumento de sua gravidade, bem como alterar a frequência de suas reações. No entanto, os principais são a hereditariedade, a exposição ao alimento, permeabilidade gastrintestinal e fatores ambientais que podem acentuar os sintomas da alergia alimentar. Uma pessoa que tenha familiares próximos, como pais ou irmãos alérgicos ao leite de vaca, por exemplo, terá 50% de chance de desenvolver o problema, a mais do que os indivíduos que não apresentem uma herança genética da patologia.

Como diagnosticar?

Para o diagnóstico, é muito importante a realização do exame de sangue, pois poderá se identificar a presença de um processo alérgico através de alterações nos níveis do Anticorpo IGE, deficiência de ferro, além da alteração nos valores de complemento. Já no exame de fezes pode-se encontrar muco nas mesmas, além da possível presença de sangue e pus, indicando uma deficiência de absorção, o que aponta para a possibilidade da alergia alimentar. O teste alérgico de puntura é fundamental, uma vez que as proteínas presentes neste alimento serão colocadas em contato com a pele do paciente, afim de analisar a presença da alergia ao leite de vaca.

Prevenção

Uma boa maneira de se prevenir contra as alergias alimentares, em especial no que se refere ao leite de vaca, fonte nutricional muito utilizada pelas mães em geral, principalmente após o período de amamentação, é optar por inserir o alimento de forma gradativa e em pequenas doses. Desta forma, as mães poderão observar se haverá queixas de seus filhos após a ingestão do leite bovino, mas vale lembrar que a melhor forma de prevenção deste tipo de alergia é evitando ao máximo o contato das crianças, com o alimento, até completarem 3 anos de idade.

Caso o indivíduo seja diagnosticado a alérgico às proteínas do leite bovino, é necessário que o mesmo não faça ingestão do alimento, pois isso irá ocasionar sintomas desagradáveis. Além da retirada deste tipo de leite, é importante a atenção aos rótulos de outros alimentos, pois alguns poderão possuir as mesmas proteínas em suas composições. 

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