Saúde

Secretário de Saúde admite falhas em UTI onde 11 crianças morreram

Hospital Municipal da Criança teve a UTI interditada na quarta-feira

O secretário municipal de Saúde, Carlos Derman, admite falhas na estrutura da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal da Criança (HMC). No local, interditado na última quarta-feira pelas vigilâncias sanitárias municipal e estadual, foram mortas 11 crianças em 47 dias, entre abril e maio. Outras duas morreram no Pronto Socorro do hospital.

Segundo Derman, o número de óbitos de crianças registrado no período foi acima do normal e as causas estão sendo investigadas. Ele nega que as mortes tenham relação com a superbactéria KPC (Klebsiella pneumoniae carbapenemase), mas admite que uma das crianças pode ter sido vítima de infecção hospitalar.

A UTI do HMC foi reformada há somente dois anos. O secretário afirma que na época a estrutura tinha sido aprovada pela Vigilância Sanitária. Ele não soube informar qual tinha sido a última inspeção no hospital, mas concordou que as fiscalizações não eram freqüentes.

No momento da interdição pelo Estado ainda estavam internadas quatro crianças que deveriam ser transferidas para outros hospitais. Até a noite de ontem, somente uma tinha conseguido vaga no Hospital Geral de Guarulhos (HGG). Derman explicou que após a transferência das crianças restantes a UTI seria reformada novamente para ser aberta em 10 dias.

Entre as adaptações que serão feitas na UTI, o secretário diz que será colocado um visor numa parede que separa os leitos para que os enfermeiros consigam ver a condição de todas as crianças, o que hoje não é possível. Ele garantiu que os procedimentos de segurança do hospital serão revistos. Enquanto a UTI estiver interditada, os casos de urgência serão encaminhados para uma sala do Pronto Socorro do hospital.

O secretário fala que discorda de alguns itens levantados no relatório da Vigilância Sanitária do Estado, como a qualidade do treinamento dos funcionários da UTI. No entanto, ele admitiu a falha de não ter os procedimentos padrões escritos.

Investigação – O Ministério Público do Estado (MPE) de São Paulo afirma que solicitou a inspeção das Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica, ambas estaduais, após denúncia anônima. A Promotoria espera os laudos, que devem ser concluídos em 30 dias, para dar prosseguimento a investigação.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde afirma as Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica encontraram diversas irregularidades na UTI do HMC, como problemas relacionados ao controle de infecção hospitalar, manutenção predial, falta de capacitação dos funcionários em relação a procedimentos de esterilização e limpeza de equipamentos e climatização inadequada do ambiente.

Vereadores prometem fiscalização

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Jonas Dias (PT), afirma que os parlamentares irão visitar a UTI do HMC, após a interdição do local onde morreram 11 crianças em 47 dias.

Segundo Dias, a comissão pedirá à Secretaria Municipal de Saúde informações sobre as irregularidades do local. Ele não acredita que seja necessário convocar o secretário de Saúde, Carlos Derman.

Para José Mário (PTN), que é médico, as falhas no HMC são de responsabilidade da Vigilância Sanitária Municipal que não fiscalizou a UTI. Ele afirma que caso a Comissão de Saúde não convoque Derman, um grupo de vereadores pode pedir a convocação por uma comissão especial.

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