O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, disse nesta segunda-feira, 29, que as estimativas da casa para a inflação e o crescimento da atividade não podem ser vistas como otimistas. A afirmação foi feita após questionamento de jornalistas sobre os indicadores melhores do que os apontados pelo mercado financeiro e outros agentes econômicos.
Para o diretor, a visão do BC é bastante “realista”. “Para uma economia como a brasileira, se projetar uma alta de 0,7% para o PIB não é otimista. Em termos de inflação, 6,3% este ano e para o ano que vem ainda são elevadas. Não consigo identificar otimismo nisso”, argumentou. Hamilton disse que a avaliação do BC é a mais isenta possível. “Gostaria de estar informando que a projeção para o PIB é de 5% e de inflação, de 4%.”
Hamilton disse, porém, que ele procura ver o déficit em conta corrente pelo lado positivo. “Isso significa que os investidores internacionais estão dispostos a complementar poupança gerada domesticamente”, disse. Outro ponto ressaltado pelo diretor é o de que a economia está crescendo em ritmo baixo, de 0,7%. “É certamente abaixo do potencial, mas nessas decisões de investimento estrangeiro, principalmente IED, eles levam em conta muito mais o potencial de crescimento da economia do que o crescimento cíclico.”
Alta de juros
O diretor de Política Econômica do BC afirmou que a alta dos juros não está descartada. Ele disse que, de forma explícita, o BC indicou que não baixaria os juros e que, implicitamente, apontou para o próximo passo, que seria uma estabilidade ou alta da taxa básica. “Se for necessário, o Copom vai nessa direção”, disse. “O que o BC falou é que essa hipótese não está excluída. No documento, de forma implícita, e eu repeti aqui explicitamente”, continuou.
“Se for necessário e o cenário para a inflação se justificar, certamente o Copom vai nessa direção (alta de juros)”, de acordo com o diretor. “Agora, se o Copom vai tomar essa decisão em algum momento próximo, não posso antecipar.”