Recentemente, o Brasil se assustou com a notícia sobre a internação da cantora Ivete Sangalo (foto), que foi diagnosticada com meningite. Felizmente, ela foi acometida pelo tipo viral da doença, que – dependendo da complicação – pode levar à morte. A meningite consiste na inflamação das meninges – membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus ou bactérias. O quadro da meningite viral, a que atingiu Ivete, é mais leve e seus sintomas se assemelham aos da gripe e resfriados. Já a bacteriana – causada pelos meningococos, pneumococos ou hemófilos – é altamente contagiosa e grave. A doença meningocócica é a mais séria. Causada pela Neisseria meningitidis, pode causar inflamação nas meninges e, também, infecção generalizada (Meningococcemia).
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, em 2011, 2.490 pessoas foram infectadas pela meningite bacteriana em todo o Estado, enquanto 3.277 apresentaram a meningite viral.
De acordo com a médica Telma Carvalhanas, diretora técnica da Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória da Secretaria de Saúde, o maior número de casos notificados são as meningites virais, que evoluem de forma benigna, podendo acontecer sem complicações.
Ivete Sangalo deixou o hospital onde permaneceu internada em Salvador no último dia 7. A recomendação dos médicos é para que a artista fique em repouso por 20 dias. "Assumi um compromisso com a equipe médica de que vou manter o repouso", disse Ivete antes de deixar o hospital. Dia 28, ela já tem show agendado para Porto Seguro.
"A bacteriana e a meningocócia são as duas mais importantes, pois podem evoluir de uma forma grave, levando a complicações e deixando sequelas, como déficit motor,diminuição da audição, amputação de membros, podendo levar a óbitos e gerar potencial surtos ou epidemias", diz Telma Carvalhanas.
Vacinação é melhor defesa
Segundo a médica Telma Carvalhanas, a doença teve um decréscimo, a partir da introdução da vacina contra o Hemófilos B, desde 1999, o que diminuiu muito o número de casos no Brasil. Hoje, no calendário do Programa Nacional e Estadual de Imunização, além da vacina contra o Hemófilo B, foram introduzidas mais duas novas vacinas no calendário do Estado relacionada à Meningite: vacina contra Pneumococo e Meningococo C. De acordo com o Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, estão contemplados para receberem as vacinas os menores de dois anos e os que pertencem a grupos de risco. Pessoas que tenham problemas de imunidade ou doenças que venham a diminuir a imunidade também podem receber as vacinas, disponíveis nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais. Essas vacinas são gratuitas e oferecidas nos postos de saúde em todo o estado. Todas as mães devem procurar os postos de saúde para vacinar seus filhos.
Clínicas particulares oferecem imunização
Para quem quer se prevenir, há novidades na rede particular de saúde. Entre as inovações no setor, está a vacina meningocócica conjugada A, C, W, Y, primeira quadrivalente disponível no mercado que ajuda a proteger contra quatro dos cinco principais sorogrupos da bactéria meningocócica (A, C, W-135 e Y), suprindo uma necessidade médica ainda não atendida no país. Até hoje, a única vacina conjugada disponível no Brasil para prevenção contra a meningite meningocócica combate apenas o sorogrupo C. A nova vacina foi desenvolvida por meio da utilização da tecnologia de conjugação, que atua fixando um antígeno polissacarídico da cápsula do meningococo a uma proteína transportadora, que ajuda o organismo a responder melhor a este antígeno que deve ser destruído.
A vacina é indicada, inicialmente, para imunização de adolescentes maiores de 11 anos e adultos, e está disponível para a população nas clínicas particulares de vacinação.
Transmissão
A transmissão da Meningite se dá pelo contato da saliva ou gotículas de saliva da pessoa doente com os órgãos respiratórios de um indivíduo saudável, levando a bactéria para o sistema circulatório aproximadamente cinco dias após o contágio. Como crianças de até 6 anos de idade ainda não têm seus sistemas imunológicos completamente consolidados, são as mais vulneráveis. Idosos e imunodeprimidos (pessoas cujo sistema imunológico não funciona perfeitamente por alguma doença que elas tenham ou algum tipo de tratamento que receba) também fazem parte do grupo de maior suscetibilidade.
Sintomas
Febre alta, fortes dores de cabeça, vômitos, rigidez no pescoço, moleza, irritação, fraqueza e manchas vermelhas na pele (que são inicialmente semelhantes a picadas de mosquitos, mas rapidamente aumentam de número e de tamanho, sendo indício de que há uma grande quantidade de bactérias circulando pelo sangue) são alguns dos seus sintomas. Mudanças de comportamento, como confusão, sonolência e dificuldade para acordar podem também ser sintomas importantes. Em recém nascidos e lactentes, os únicos sinais de meningite podem ser febre, irritação, cansaço e falta de apetite. Sempre que alguém apresentar esses sintomas, deve procurar imediatamente assistência médica, para assegurar-se do diagnóstico e iniciar o tratamento o mais precocemente possível.
Diagnóstico
A doença meningocócica tem início repentino e evolução rápida, pode levar ao óbito em 24 a 48 horas. Para a confirmação diagnóstica das meningites, retira-se da espinha o líquido cefalorraquidiano, para identificar se há ou não algum patógeno e, se sim, identificá-lo. Em caso de meningite viral, o tratamento é o mesmo feito para as viroses em geral; caso seja meningite bacteriana, o uso de antibióticos específicos para a espécie, administrados via endovenosa, será imprescindível.