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Guerra e Paz de Portinari serão expostos no Memorial da América Latina

Obras que foram doadas à sede da ONU voltam em mostra itinerante

Cinquenta anos após terem sido doadas à sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova Iorque, os murais "Guerra" e "Paz" (clique nas imagens ao lado e no fim do texto para ver os quadros ampliados) de Portinari estão de volta ao país e serão expostos no Memorial da América Latina a partir de 7 de fevereiro. A mostra reúne os dois últimos e maiores murais criados por Candido Portinari, além de estudos originais que retratam a preparação do artista para "Guerra" e "Paz", documentos históricos e fotos.

Entre 1952 e 1956, Candido Portinari, o pintor brasileiro que alcançou maior projeção internacional, realizou os murais sob encomenda do governo brasileiro a fim de presentear a ONU, em Nova Iorque, e nunca haviam sido expostos ao grande público. "À época, com 17 anos, lembro que houve grande clamor popular para que os murais fossem expostos e os jornais noticiaram ‘Agora vão (os murais) irremediavelmente à ONU, quem quiser vê-los vá à Nova Iorque. Isso ficou na minha cabeça", disse o fundador e organizador da mostra, professor João Candido Portinari, também filho do artista.

A princípio, o objetivo era que a exposição fosse realizada na própria sede da Onu. Para isso, as conversas começaram em 2002 para que a mostra fosse realizada no ano seguinte, quando Portinari completaria cem anos, mas os ataques de 11 de Setembro inviabilizaram o evento. Em 2007, quando completou-se 50 anos das instalações dos painéis nos Estados Unidos, um livro sobre a obra foi publicado e, com a ajuda do então presidente Lula, entregue para o secretario geral das Organizações das Nações Unidas. "Na ocasião, Lula fez uma belíssima declaração sobre a obra, coisa que em 50 anos nenhum representante brasileiro havia feito", contou João Candido Portinari.

A chance de repatriar os murais veio após a notícia de que a sede da ONU passaria por uma reforma física entre os anos de 2009 e 2013 e contou com a mediação do governo e uma corrida por patrocinadores. "Para essa grande aventura poder começar a ONU impes três condições: A primeira, envolvimento formal do governo; a segunda, o restauro das peças e terceira que as peças fossem devolvidas ao término das reformas, previstas para 2013", pontuou o professor. Quando chegaram ao país, os murais foram expostos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde ficaram por 15 dias e receberam a visita de 40 mil visitantes.

Serviço:
Memorial da América Latina – Exposição "Guerra" e "Paz"
De 7 de fevereiro à 21 de abril
De terça à domingo, das 9h às 18h
Entrada franca

Depois de São Paulo, exposição seguirá para outros paises

A primeira cidade a receber as peças após a restauração, São Paulo será moradia dos murais até dia 21 de abril. Com a reunião de documentos, fotos e estudos sobre "Guerra" e "Paz" que nem Portinari conseguiu presenciar, o filho acredita que o dever foi cumprido. "Eu posso imaginar aqueles olhos azuis brilhando, como brilhavam sempre", disse emocionado.

Sede da mostra na Capital, o Memorial da América Latina não foi escolhido por acaso. "Não queríamos fazer uma exposição apenas para a elite, mas sim para o grande público, para que todos possam conhecer as obras", contou João Portinari. Depois da Capital, a exposição seguirá para outros países como Noruega e Japão. "Temos o objetivo de visitar Istambul, Índia e fazer uma grande despedida no Brasil, vou torcer para as obras da ONU atrasarem e podermos fechar a exposição em 2014, no ano da copa", finalizou o professor.

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