A queda superior a 10% nas vendas de motocicletas em 2014 sobre 2013 levou montadoras do setor a um processo de “demissões silenciosas”, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian. “São demissões que ocorreram ao longo do ano, com não-reposição de funcionários que deixaram as fábricas no polo de Manaus (AM)”, explicou. Segundo ele, o quadro de funcionários das associadas à Abraciclo caiu de 19 mil para 18 mil durante os nove primeiros meses de 2014.
Sem a recuperação esperada para o setor após a Copa do Mundo e a manutenção das vendas diárias abaixo do limite de 6 mil unidades, fábricas de motocicletas iniciaram ainda um processo de paradas de produção em determinados dias da semana, já que as férias coletivas das montadoras foram dadas em junho. “Foi preciso reduzir ritmo diário e fazer esse ajuste fora de tempo”, afirmou Fermanian.
Nesta terça-feira, 7, a Abraciclo revisou para baixo, pela segunda vez, as estimativas de produção e vendas de motocicletas em 2014 ante 2013. A entidade prevê uma produção de 1,55 milhão de unidades no fechamento do ano – ante uma estimativa anterior de 1,625 milhão de motocicletas, feita em junho -, queda de 7,4% ante a produção de 1,67 milhão de veículos em 2013. As vendas no varejo devem atingir 1,44 milhão de motocicletas, uma baixa de 5% ante o 1,5 milhão de unidades comercializadas em 2013.
Segundo Fermanian, além do crédito ainda restrito ao financiamento de motocicletas de baixa cilindrada, o cenário conta com as condições macroeconômicas negativas e a desconfiança do consumidor. “Essa desconfiança inibe até mesmo os que conseguem crédito, mas não o tomam por conta de um temor em relação ao futuro”, disse.
Para o último trimestre do ano a expectativa é de ligeira melhora nas vendas, com a retomada do nível de vendas diárias em 6 mil unidades em outubro e novembro e um aquecimento ainda mais forte, mesmo que historicamente normal, em dezembro.
Desempenho positivo
Na contramão do cenário negativo, as vendas de motos de alta cilindrada seguem em crescimento este ano e o segmento deve encerrar 2014 com 60 mil unidades vendidas, ante 50 mil em 2013, um aumento de 20%. Já as vendas de scooters, motos com uso praticamente restrito aos centros urbanos, devem avançar mais de 30% entre os períodos, de 30 mil para 40 mil unidades.