As bolsas de Nova York encerraram em queda as negociações desta quinta-feira,4, em um movimento de realização de lucros, ainda em meio a um movimento de vendas de títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que reflete a possibilidade de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) seja mais agressivo em seus movimentos de aperto. Sinalizações de dirigentes do Fed dão base a esse cenário, assim como indicadores econômicos dos EUA.
O índice Dow Jones registrou queda de 0,75%, aos 26.627,48 pontos, enquanto o S&P 500 recuou 0,82%, aos 2.901,61 pontos. Já o Nasdaq cedeu 1,81%, aos 7.879,51 pontos. Durante o pregão, os dois indicadores acionários da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) chegaram a cair mais de 1%, enquanto o Nasdaq enfrentou perdas de mais de 2%. Já o índice de volatilidade VIX, considerado o “medidor de medo” de Wall Street, saltou 22,48% e chegou ao fim do dia cotado a 14,22 pontos.
Em linha com os discursos de outros dirigentes do Fed, o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, reforçou um tom ainda mais “hawkish” da instituição. Após o encerramento dos negócios das bolsas nova-iorquinas na quarta-feira, o dirigente afirmou que as taxas de juros americanas ainda estão em um nível acomodatício e longe do nível neutro. Além disso, ele reforçou que a autoridade monetária dos EUA pode ir além dessa faixa neutra no processo de elevação das taxas de juros.
As sinalizações de que o Fed pode ser mais agressivo ganharam força em meio a indicadores que ressaltam a força da economia americana. Após a ADP ter informado que o setor privado americano criou 230 mil postos de trabalho em setembro, o Departamento do Trabalho americano apontou que o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu para 207 mil. Com isso, os investidores aguardam pelos números do relatório de empregos (payroll) dos EUA, que serão divulgados nesta sexta-feira. As 33 estimativas colhidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, mostram variação de 150 mil a 225 mil vagas, com mediana de 185 mil postos de trabalho gerados em setembro.
Diante disso, os índices nova-iorquinos entraram em um movimento de realização de lucros após as robustas altas recentes. Nas últimas semanas, o Dow Jones renovou máximas históricas de fechamento, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq negociam próximos desses níveis.
O subíndice do setor financeiro do S&P 500 foi um únicos a marcar alta nesta sessão, com ganho de 0,71%, aos 467,01 pontos, com ações de instituições financeiras beneficiadas pelo avanço nos juros dos Treasuries. Os papéis do Wells Fargo subiram 1,63% e os do Bank of America ganharam 1,43%.
Já as giant techs, por outro lado, apresentaram queda de forma generalizada, com destaque para o recuo nas ações da Alphabet (-2,84%), controladora do Google. Hoje, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, pediu a empresas americanas que reconsiderem práticas de negócios na China em meio às fortes tensões comerciais entre as duas maiores economias do globo. Entre elas, ele deu foco ao Google, que desenvolve um projeto de buscas em solo chinês.
Também a China protagonizou uma outra história envolvendo as techs americanas, desta vez com Apple (-1,76%) e Amazon (-2,22%) na berlinda. Veículos da imprensa reportaram que agentes chineses inseriram microchips maliciosos em placas-mãe fabricadas pela Super Micro Computer (SMCI), de quem as duas companhias compram mercadorias. Tanto as empresas quanto o Ministério de Relações Exteriores da China negaram a acusação. Com isso, Snap (-5,22%), controladora do Snapchat, e Spotify (-4,73%) também apresentaram perdas robustas.
Além disso, a queda nos preços do petróleo negociados em Nova York, que chegaram a cair mais de 3% no pregão regular, também pressionou as praças nova-iorquinas. Com a realização de lucros no mercado da commodity, as ações da Chevron caíram 0,29% e as da Exxon Mobil cederam 0,66%. (Com informações da Dow Jones Newswires)