Com a percepção de que a fragilidade da indústria de autopeças atrapalha a recuperação das montadoras no Brasil, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem conversado com o governo para adotar medidas que fortaleçam as fornecedoras de peças.
Segundo o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a proposta do setor inclui a oferta de crédito mais barato para que as fabricantes de autopeças possam ter mais capital de giro para gerir seus negócios.
“Em função da redução substancial do volume (de produção das montadoras), as empresas (de autopeças) ficaram muito fragilizadas e a gente entende que tem de haver um trabalho, uma reflexão global de toda a cadeia de como as autopeças podem ser beneficiadas e reforçadas, porque, sem uma indústria de autopeças forte, é difícil ter uma indústria automobilística forte”, afirmou o presidente da Anfavea nesta quinta-feira, 4.
Ele disse ainda que outras medidas de recuperação podem envolver a criação de fundos de gestão que ajudem as autopeças a adotar ações que resultem em ganhos de produtividade.
A preocupação da Anfavea com a indústria de autopeças ficou maior este ano após montadoras como Volkswagen e Fiat terem sido obrigadas a interromper suas produções por falta de peças. Por serem de menor porte, as fabricantes de autopeças são mais sensíveis à crise e possuem menos condições de suportar uma queda na demanda.
O mercado de veículos no Brasil tem enfrentado quedas nas vendas desde 2013. No ano passado, teve o seu maior tombo em 27 anos, de 26,5% ante os números de 2014.
Segundo Megale, as conversas com o governo começaram há um mês e contam com a participação do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes de Veículos Automotores (Sindipeças).
De acordo com ele, o fortalecimento da indústria de autopeças é um dos três pilares da política industrial que tem sido elaborada para a cadeia automobilística com o governo. Essa política teria início em 2018, em substituição ao Inovar Auto, que tem validade até 2017. O Inovar Auto foi criado pelo governo petista para conceder incentivos fiscais a montadoras que fizessem investimentos produtivos no País, entre outras exigências.
Os outros dois pilares da nova política industrial seriam a consolidação das questões de evolução da eficiência enérgica, que já estavam previstas no Inovar Auto, com estabelecimento de metas, e a continuidade do apoio do governo a investimento em pesquisa e desenvolvimento em engenharia, que, na avaliação do Megale, é fundamental para a geração de emprego de qualidade no setor.