Sob pressão de Rússia, Iraque e Irã, a Arábia Saudita ofereceu na semana passada um desconto no petróleo que vende, para manter sua fatia de mercado em grandes mercados da Ásia. A redução no preço, que vale para as compras de setembro, ocorre após dois anos de grandes volumes produzidos pela Arábia Saudita, maior produtor mundial da commodity.
Riad decidiu manter a produção em patamar alto, defendendo seu mercado ante os concorrentes internacionais. Na Ásia, a principal fonte de crescimento na demanda por petróleo recentemente, porém, os sauditas continuaram a perder espaço.
No último domingo, a Arábia Saudita cortou seus preços para os clientes asiáticos em entre US$ 0,70 e US$ 1,30 o barril (dependendo do tipo), o que ajudou a levar o preço do barril global para abaixo de US$ 42. Trata-se do corte de preço mais acentuado desde outubro. “Os cortes foram feitos para garantir que a Arábia Saudita siga competitiva frente a vendedores do Oriente Médio e da Europa”, disse uma pessoa familiarizada com as discussões sauditas para o corte de preços.
A fatia do Iraque no mercado indiano superou a da Arábia Saudita no segundo trimestre deste ano. O Iraque vendeu 11 milhões de toneladas de petróleo para a Índia no trimestre, 1 milhão a mais que a da Arábia Saudita, segundo o Ministério de Petróleo indiano. Isso marca uma mudança em relação ao ano passado, quando as exportações sauditas superavam as do Iraque em 900 mil toneladas, na média trimestral. A mudança reflete um impulso na produção iraquiana de novos projetos em operação. A produção iraquiana em junho era 200 mil barris ao dia superior à de igual período de 2015, chegando a 4,21 milhões de barris diários.
Na China, o petróleo saudita perde espaço para as exportações russas, que alimentam as refinarias independentes da China. Como o Iraque, a Rússia tem elevado a produção.
Além disso, a Arábia Saudita enfrenta crescente pressão do Irã, um rival político. Desde a retirada de sanções ocidentais em janeiro, a produção iraniana aumentou em cerca de 600 mil barris por dia, para 3,64 milhões de barris em junho. “Parte da fraqueza da Arábia Saudita é causada pelo petróleo enviado para a Ásia pelo Irã, disse Jamie Webster, pesquisador do Centro para Política de Energia Global da Universidade Columbia.
Uma fonte ligada ao governo de Riad disse que o corte no preço não foi totalmente motivado pela concorrência, mas também para estimular a demanda da China. Fonte: Dow Jones Newswires.