Em meio às dúvidas trazidas pelo processo eleitoral, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) ficou mais pessimista com a economia brasileira e piorou praticamente todas as suas projeções para 2018. Segundo o Informe Conjuntural divulgado nesta quinta-feira, 11, pela entidade, a perspectiva do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano passou de um crescimento de 1,6% no documento apresentado em julho para um aumento de 1,3%. A pesquisa é divulgada trimestralmente.
“As incertezas em relação ao programa econômico do futuro governo, em especial no que se refere ao indispensável ajuste fiscal, frearam as decisões de ampliação da produção, do emprego e do investimento”, afirma a Confederação.
A expectativa para o crescimento do PIB industrial caiu de 1,8% para 1,3%. Para o consumo das famílias, a previsão piorou levemente, passando de alta de 2,0% para 1,9%.
O investimento medido pela formação bruta de capital fixo (FBCF) deve subir apenas 2,2%, ante previsão anterior de 3,5%.
“O Estado não tem condições fiscais de gerar os estímulos necessários à reativação da economia. Apenas com o retorno do investimento privado poderemos retomar a criação de emprego, com a geração de renda e a demanda de consumo necessárias para viabilizar um novo ciclo de crescimento sustentado”, completa o texto.
A entidade acredita que a taxa de desemprego deve ficar em 12,2%, um pouco melhor do que a expectativa anterior de 12,4%.
Inflação
A CNI também espera uma inflação um pouco maior, com a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o fim de 2018 passando de 4,2% para 4,4%.
Apesar da espera de uma piora do custo de vida neste ano, a entidade acredita que o Banco Central vai manter os juros básicos até o fim do ano no atual patamar de 6,5%. A Selic média esperada pela entidade em 2016 se manteve em 6,50%.
Em relação às contas públicas, porém, a expectativa da entidade é de uma melhora no déficit primário de 2018, cuja previsão passou de 2% do PIB para 1,65% do PIB. A expectativa para o déficit nominal, porém, teve leve piora, indo de 7,5% do PIB para 7,6% do PIB. Também cresceu a projeção para a dívida bruta do setor público, de 76,3% para 77,1%.
A CNI espera ainda que o dólar esteja em R$ 3,80 em dezembro, mesma previsão do trimestre anterior. Para o câmbio médio do ano a previsão passou de R$ 3,63 para R$ 3,70.
No caso da balança comercial, a entidade reduziu em US$ 14 bilhões a estimativa para o saldo em 2018, de US$ 62,0 bilhões para US$ 48,0 bilhões. O valor será resultado de US$ 228 bilhões em exportações e de US$ 150 bilhões em importações. Por fim, o documento manteve sua perspectiva para a conta corrente, um déficit de US$ 20,0 bilhões.