O dólar fechou o primeiro pregão da semana que antecede o segundo turno em queda de 0,73%, a R$ 3,6879. Dos 15 pregões de outubro, a moeda americana já recuou em 11, com os investidores animados com a possível vitória de Jair Bolsonaro (PSL), que vem sendo confirmada pelas pesquisas recentes, e a expectativa de que o capitão reformado do Exército avance com a agenda de reformas. Nesta segunda-feira, 22, o noticiário doméstico foi fraco e também repercutiu positivamente nas mesas de operação o anúncio de medidas da China para estimular o consumo. Mas dúvidas sobre o que o Banco Central pode fazer no mercado de câmbio após as eleições têm provocado cautela no mercado.
A seis dias da eleição, e com as novas pesquisas e sondagens de instituições financeiras confirmando a vantagem de Bolsonaro, não há justificativa sólida para reverter as posições atuais, ressaltam operadores. Por isso, o real foi uma das poucas moedas de emergentes – junto com as divisas da Argentina, África do Sul e Rússia – a ganhar valor ante o dólar em uma lista de 33 países.
O fato de a moeda americana ter caído muito rápido vem alimentando especulações no mercado sobre o que o Banco Central pode anunciar após as eleições. Desde a semana passada, uma das medidas que as mesas vêm comentando seria a interrupção da rolagem total dos swap, na medida em que o estoque deste papéis aumentou US$ 45 bilhões por conta da estratégia do BC de conter a alta rápida do dólar nos períodos de maior estresse antes da eleição. Na segunda-feira (29) ou terça (30), o BC deve anunciar o que fará com a rolagem dos contratos que vencem em dezembro. Até agora, a instituição vem fazendo a rolagem integral dos papéis de cada vencimento.
“Uma opção é rolar menos do que vai vencer”, afirma o economista-chefe do Rabobank, Mauricio Oreng. “A política do BC é se inclinar contra o vento”, completa ele, destacando que agora há uma pressão vendedora da moeda americana. Para o executivo, já tem muita expectativa otimista e notícia boa embutida nos preços do dólar e após a eleição os investidores vão querer ver resultados concretos do nome que for eleito. Por isso, até há espaço adicional para queda depois do segundo turno, mas tudo vai depender do que o BC fizer e do discurso do novo presidente sobre a agenda de medidas econômicas e a formação de sua equipe.