Economia

Oferta anunciada pela Alliar pode ser o primeiro IPO em mais de um ano

A oferta de ações da empresa de diagnósticos por imagem Alliar, controlada pelo fundo Pátria e médicos, pode ser a primeira abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) em mais de um ano. Como antecipado pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), na semana passada, a oferta da Alliar reabriria a Bolsa brasileira para estreantes e também para a saída de fundos de private equity aos seus investimentos.

A companhia pediu registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na categoria A, que inclui negociação de ações. O prospecto preliminar da oferta inicial de ações mostra que a operação será de distribuição primária (novas ações) e secundária (dos atuais sócios), sob a Instrução CVM 400, com esforços no exterior. Entre os acionistas está o fundo Pátria, que capitaneou a fusão da rede de laboratórios com o Grupo Delfin, em março, além de Sérgio Tufik e Roberto Kalil Issa.

Os recursos obtidos com a oferta primária serão destinados para expansão orgânica e amortização de passivos bancários, e os da oferta secundária serão repassados integralmente aos sócios vendedores, ainda de acordo com o prospecto.

Os coordenadores da oferta são Itaú BBA (líder), Bank of America Merrill Lynch (agente estabilizador”) e Santander. Ainda não há detalhes da quantidade de ações a ser ofertada ou cronograma.

Segundo apurou o Broadcast, de quinze a vinte companhias brasileiras na carteira de fundos de private equity estão próximas do desinvestimento e prontas para uma abertura de capital no Novo Mercado, principal segmento de listagem da BM&FBovespa.

No caso da Alliar, os acionistas vendedores Sergio Tufik e Roberto Kalil Issa colocarão na oferta a totalidade de suas ações, as quais representam, respectivamente, 23,36% e 17,29% do capital da empresa. A operação também prevê novas ações em oferta primária, em quantidade ainda não divulgada.

Conforme o prospecto preliminar, fundos Pátria detêm 25,70% da companhia, e há também outro private equity na composição acionária, o Kinea, com fatia de 6,35. O quadro de acionistas se completa com Geraldo Mol Starling Filho, 6,15%; Cláudio Otávio Prata Ramos, 5,64%; outros administradores, com 0,45%; e uma parcela de ações em circulação de 14,98%.

O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse recentemente que não estava descartado um IPO no fim deste ano, diante da expectativa de melhora da confiança dos investidores em relação ao Brasil. Segundo ele, existe uma grande expectativa em relação ao mercado de ações, visto que há um forte movimento de companhias represadas, que já somariam mais de 50.

Esperava-se para este ano o IPO do ressegurador IRB Brasil RE, mas a empresa preferiu deixar a oferta para 2017, por decisão de seus acionistas, quando esperam encontrar melhores condições no mercado.

O documento da Alliar traz que a companhia é a segunda maior empresa de diagnósticos por imagem do Brasil em número de equipamentos de ressonância magnética, de acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e acredita ser a terceira maior prestadora de serviços de medicina diagnóstica do País em receita líquida.

Os administradores ainda destacam que a Alliar apresenta taxa de crescimento histórico “superior às companhias abertas do setor no Brasil”. Diz que de 2013 a 2015, a receita líquida cresceu a uma taxa média anual composta (CAGR) de 59,2%.

O dado pro forma, não auditado, é de receita líquida de R$ 460,1 milhões no primeiro semestre deste ano, e de R$ 818,7 milhões no exercício de 2015. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no critério ajustado seria de R$ 96,5 milhões no primeiro semestre de 2016, com margem de 21,0%, e o Retorno sobre Capital Investido (ROIC) de 9,1%. Em 2015, o Ebitda ajustado foi de R$ 176,3 milhões, com margem de 21,5%, e o ROIC, de 20,6% , também em dados pro forma.

Em 2015, a Alliar informa ter realizado 3,6 milhões de exames de imagem, ou 4,1% do total nacional de exames de imagem privados, citando dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No primeiro semestre deste ano, foram 2,2 milhões de exames de imagem. Ao final de junho, a rede contava com 104 unidades de atendimento, em 41 cidades de dez Estados brasileiros, 5 mil empregados e 426 médicos.

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