Economia

Alimentos in natura podem fazer taxa do IGP-M aumentar em setembro, avalia FGV

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em setembro deve ficar acima da alta de 0,15% apurada no oitavo mês do ano, de acordo com Salomão Quadros, superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “O IGP-M não deve ficar tão baixo como o de agosto, mas não tem nenhuma razão para avançar tanto”, estimou.

Na avaliação de Quadros, as quedas nos preços de leite industrializado (-2,08%), carne bovina (-1,35%) e feijão (-8,58%) devem ter impactos favoráveis ao consumidor, mas podem não se repetir no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a inflação no atacado, do mês que vem.

Por outro lado, ele estima que o milho, que ficou 5,27% mais caro em agosto, pode pressionar menos em setembro, acompanhando a queda da soja, de 7,43% no oitavo mês do ano. “Muitos produtos que estão caindo agora, vão parar de cair, indo mais para a estabilidade. Outros, como o milho, podem recuar ou subir menos”, estimou.

12 meses

A tendência, disse Quadros, é que a taxa acumulada do IGP-M em 12 meses perca força em setembro e, aos poucos, saia da marca de 11,00%. Em 12 meses até agosto, a variação acumulada é de 11,49%. “Tende a baixar, especialmente em outubro, quando o IGP-M foi muito forte (1,89%), por causa da desvalorização cambial, que pegou o IPA em cheio. Dificilmente teremos um IGP-M na faixa de 2,00%”, avaliou. Em setembro do ano passado, o IGP-M foi de 0,95%.

IPA-M

A leve alta do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a inflação no atacado, foi compensada pela forte desaceleração do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), avaliou Quadros.

Com isso, disse, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) fechou agosto (0,15%) com uma taxa suavemente inferior à de julho, que foi de 0,18%. “Não é uma diferença muito grande, mas ajudou a compensar”, afirmou. Em agosto, o IPA teve variação positiva de 0,04%, após declínio de 0,01% em julho.

O INCC, por sua vez, atingiu 1,09%, depois de 0,26%. “Apesar de o IPA ser o índice de maior peso no IGP-M, sozinho, o INNC puxou o IGP-M para baixo e compensou o movimento de alta do IPA e do IPC”, completou. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou variação de 0,40%, ante 0,29%, em julho.

O segmento de alimentos na parte de bens finais passou de 3,22% para 0,05% em agosto, tanto por causa de itens alimentícios in natura quanto de processados, que ajudaram a limitar o avanço dos preços no atacado. De acordo com Quadros, as quedas apuradas em feijão, leite e carne impediram um avanço maior do IPA.

Entre os produtos in natura, Quadros citou como exemplo o recuo de 8,58% do feijão, depois de elevação de 18,91% em julho. Já entre os itens processados, o leite industrializado passou de alta de 18,08% para declínio de 2,08%, enquanto a carne bovina saiu de 0,24% para recuo de 1,35%. “Isso é uma boa notícia, esse alívio importante”, afirmou.

O coordenador do IGP-M explicou que os alimentos, que ajudaram a conter a inflação de alimentos em agosto, podem voltar a pressionar os preços possivelmente em setembro. Um dos exemplos, citou, é o do feijão.

Apesar de acumular alta de 164,38% em 12 meses e elevação de 93,37% no ano até agosto, o preço do feijão pode não cair tanto à frente, mesmo diante da normalização da oferta. “Mesmo com a entrada de uma nova safra, a produção foi prejudicada pelo clima. Ainda vai demorar um pouco para devolver todo o aumento. De qualquer maneira, a alta acabou”, estimou.

Já na parte de bens intermediários, os insumos para a produção industrial, saíram de 0,12% para -1,19% em agosto, com destaque para a queda de 7,43% do farejo de soja (ante -0,58%), importante para a produção de ração.

Já as matérias-primas agropecuárias pressionaram o IPA, ao passarem de baixa de 0,87% para recuo de 0,04% em agosto. “Isso vem de um aumento de preço do milho, de -11,19% para alta de 5,27%. Tenho a impressão de que o aumento não vai durar muito, pois o preço segue o panorama internacional, que está na expectativa de uma boa safra nos EUA”, estimou.

Conforme Quadros, o comportamento dos preços do milho tende a acompanhar o da soja, que recuou 8,51% no IPA-M de agosto, após retração de 3,68% em julho, ajudando a conter os preços das matérias-primas. “Em breve, os preços do milho podem mudar”, completou. Segundo ele, o dólar mais acomodado conteve a pressão de alta do IGP-M, e isso pode permanecer reduzindo a pressão sobre os preços de alguns insumos.

Dentro das matérias primas minerais, o economista ressaltou a volta do minério de ferro ao campo negativo, para 3,21%, na comparação com recuo de 11,19% em julho, “refletindo condições mais favoráveis na China”.

Resultado

A alta de 0,15% do IGP-M deste mês veio dentro do intervalo das expectativas do Projeções Broadcast, que ia de zero a 0,23%, mas ficou maior que a mediana de 0,10%. Dentro do IPA, os preços agropecuários caíram 0,11% no oitavo mês, depois de recuo de 0,25%, enquanto os industriais subiram 0,10%, ante 0,09%.

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