Embora a remuneração oferecida por conselhos de administração formados por empresas familiares de médio porte em geral seja bem inferior à paga nas companhias de capital aberto, esses grupos – que geralmente tem caráter consultivo, e não deliberativo – oferecem uma grande vantagem: o patrimônio do profissional que aceita o cargo não é colocado em risco.
Em conselhos deliberativos, a legislação brasileira prevê que o membro do conselho pode ter de arcar com dívidas do negócio usando o patrimônio pessoal, especialmente em caso de fraudes e malfeitos. Embora as grandes companhias costumem contratar seguros para proteger os conselheiros, há quem prefira não trocar o certo pelo duvidoso.
É por essa razão que Richard Doern, que hoje é conselheiro profissional, escolheu participar somente de grupos consultivos em empresas de capital fechado. Hoje, ele faz parte dos conselhos de grupos familiares como Piccadilly (tradicional companhia gaúcha de calçados), Kinoplex (rede de cinemas carioca, anteriormente conhecida como Severiano Ribeiro) e Mater (empresa paulistana de distribuição de materiais elétricos).
“Nos últimos 11 anos, passei por 13 empresas”, conta Doern, que começou a ser convidado para o cargo por ter se especializado, desde os anos 1990, em assumir a presidência de negócios familiares em dificuldades. Na última década, ele passou de funções executivas para os conselhos. “Acho que o principal desafio é a passagem do bastão dos fundadores para a nova geração de administradores. Muitas empresas morrem justamente nesta fase.”
Funções. Segundo Dalton Sardenberg, professor da Fundação Dom Cabral, o trabalho do conselheiro nas médias empresas está menos focado no controle e fiscalização de processos e mais concentrado na profissionalização. “Entre as atribuições estão a busca da longevidade do negócio, a preparação dos herdeiros para funções executivas, a adoção de boas práticas corporativas e a solução de conflitos”, explica.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.