Os mercados acionários americanos fecharam sem direção única nesta segunda-feira, 5, à medida que os investidores se mostram na expectativa por eventos importantes durante a semana, como as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos e a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
O índice Dow Jones encerrou o pregão em alta de 0,76%, aos 25.461,70 pontos; o S&P 500 subiu 0,56%, para 2.738,31 pontos; e o Nasdaq destoou dos demais e recuou 0,38%, aos 7.328,85 pontos.
Diferentemente de outros pleitos legislativos, as eleições americanas de meio de mandato vêm sendo consideradas por analistas como o principal foco para os mercados nesta semana, apesar da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Pesquisas indicam, quase em uníssono, que os republicanos devem manter a maioria no Senado, enquanto os democratas devem voltar a comandar a Câmara dos Representantes. O ex-presidente americano Barack Obama, que fez diversos comícios nos últimos dias, a fim de apoiar os democratas, afirmou nesta segunda-feira que as eleições de terça-feira são “mais importantes do que qualquer uma que eu possa lembrar na minha vida, e isso inclui quando eu estava nas cédulas”.
“Em nosso cenário base, acreditamos em um Congresso dividido. Isso deve afetar o crescimento econômico dos EUA. Projetamos uma decepção vinda do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA, que deve vir abaixo do atual consenso de expansão de 2,5% em 2019”, afirmou a economista global da gestora britânica Fidelity International, Anna Stupnytska. Nesse cenário, ela acredita que os ganhos dos mercados acionários americanos continuarão limitados, enquanto o Fed efetua uma pausa nas elevações de juros já no próximo ano, após dois novos aumentos – um em dezembro, e outro no primeiro semestre de 2019.
A perspectiva pessimista da Fidelity contrasta com a visão do próprio banco central, que vê mais um aumento nos juros este ano, três em 2019 e um adicional em 2020. “Você tem muitos bons motivos para vender ações, dadas as incertezas relacionadas a algumas preocupações sobre uma suavidade no crescimento econômico fora dos EUA e sobre as ações do Fed”, afirmou, em nota a clientes, o chefe de análise da SYZ Asset Management, Fabrizio Quirighetti. “Os bancos centrais provavelmente não serão muito favoráveis.”
É pensando nesse cenário que o economista Victor Dergunov, do Albright Investment Group, apontou, recentemente, que o atual bull market em Nova York pode estar “quebrado”. “A política do Fed está removendo a liquidez do sistema, o crescimento está desacelerando e, em geral, as valuations ainda são extremamente elevadas”, afirmou. Além disso, ele ressaltou que antigos líderes das bolsas nova-iorquinas têm perdido fôlego acentuadamente – caso das empresas de tecnologia, como Facebook, Amazon, Netflix e Google. Nesta segunda, a ação do Facebook caiu 1,11%, a da Amazon recuou 2,27%, a do Google perdeu 1,47% e a da Netflix destoou e subiu 2,05%. Outra giant tech tem se apressado para se juntar a esse grupo. Com os resultados abaixo do esperado, a Apple ampliou as perdas vistas na sexta-feira e recuou 2,84%, após diversas instituições financeiras cortarem o preço-alvo da ação da companhia.
“Alguns investidores estão preocupados com o fato de que a forte liquidação nos mercados de ações no mês passado é uma indicação de alguma desaceleração do crescimento do PIB. Isso é fascinante porque, apenas um mês atrás, eles estavam convencidos de que havia alguma excepcionalidade econômica nos EUA, já que os problemas do exterior tinham pouco ou nenhum impacto sobre a atividade americana”, afirmou o estrategista-chefe de ações do Citi, Tobias Levkovich. Mesmo assim, de acordo com o banco americano, o Fed deve continuar a efetuar o aperto de sua política, principalmente após o relatório de emprego (payroll) dos EUA, divulgado na última sexta-feira, que mostrou robusto crescimento de vagas de trabalho e salário médio por hora no maior crescimento desde 2009.