Coloca as galochas, entra na água suja, sobe os móveis e eletrodomésticos, tira o carro, liga para a Defesa Civil. O extremo leste viveu anteontem mais um dia de uma rotina histórica de enchentes de verão. Diferentemente das áreas mais nobres e centrais, já limpas e normalizadas, contudo, bairros do extremo leste, como Vila Itaim e Vila Alabama, ainda convivem com água e sujeira dentro de casa e na rua.
A ineficiência do poder público em resolver a situação tem levado moradores a improvisar soluções, de entrar em galerias para retirar lixo até instalar um sistema de alerta de enchente, comprado há três anos com uma vaquinha de R$ 780.
"Tem moradores de certa idade, com dificuldade para se locomover. Imagina você receber 1,5 metro de água em casa e não poder fazer nada?", questiona o comerciante Francisco Alves da Silva, de 33 anos, da Associação de Moradores da Vila Alabama. O bairro teve duas enchentes em dois meses. "A gente é o extremo leste, mora nos fundos. Não ter tanta repercussão influencia muito na omissão deles (autoridades)."
Também no extremo leste, a Vila Itaim ainda tinha água até a cintura na tarde de ontem. Na casa do comerciante Estêvão Souza, de 33 anos, a água suja subiu pelo ralo, a pia e a privada. "Minha família perdeu tudo, móveis, roupas. Estou com a roupa do corpo há 2 dias", diz. Como outros moradores da região, critica a efetividade de obras públicas, como do pôlder em construção pelo governo estadual, que também foi alagado. "Estão esperando uma tragédia, que alguém morra afogado, que uma casa caia", lamenta. Em nota, Estado e Prefeitura alegam prestar apoio à região. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>