O Banco Central deve anunciar nesta quarta-feira, 6, nova redução do juro que levará a principal taxa da economia brasileira para o menor patamar da história. Diante da economia que ainda luta para se reerguer e sem pressão relevante à frente, economistas apostam que a Selic cairá para 7% nesta semana – abaixo do piso histórico de 7,25%. Em fevereiro, é esperada nova redução. A festa, porém, pode ser curta e o mercado prevê a subida da taxa já no fim de 2018.
Nas últimas semanas, o BC deixou claro que se aproxima o fim do atual ciclo de afrouxamento do juro iniciado em outubro do ano passado. Após cortar a Selic praticamente pela metade com redução de 6,75 pontos porcentuais em 14 meses, a instituição indica que o movimento será amenizado e a aposta entre economistas indica corte de 0,50 ponto nesta semana. Depois, a redução final de 0,25 ponto ocorreria em fevereiro de 2018. A partir daí, a taxa seguiria estável em 6,75%.
A pausa do BC é justificada pela perspectiva de gradual elevação dos preços no médio prazo. Com inflação acumulada de apenas 2,7% em 12 meses, a maioria dos analistas prevê que os índices entrarão em trajetória de gradual elevação nos próximos meses, mas em patamar considerado confortável para o cumprimento da meta de 4,5% no próximo ano. A análise positiva leva em conta aspectos como a elevada ociosidade da economia e o desemprego ainda elevado.
Mas o mercado indica que a estabilidade terminaria alguns meses à frente depois das eleições presidenciais. Economistas consultados pela pesquisa Focus preveem alta do juro na última reunião de 2018, em dezembro. Nessa reunião, a Selic subiria 0,25 ponto, para 7%.
O banco de investimento Morgan Stanley é uma das casas que prevê alta do juro no fim do próximo ano. O economista para o Brasil do banco, Arthur Carvalho, argumenta em relatório que o País terá um ano “crítico” com a perspectiva de que a população escolha entre a continuidade da agenda reformista e um candidato populista.
Com esse pano de fundo, a inflação deve acelerar suavemente nos próximos meses com a retomada da atividade e principalmente pela normalização do preço dos alimentos – segmento que tem tido comportamento benigno desde 2016. “Isso pode permitir ao BC manter juros estáveis por boa parte de 2018, começando a redução dos estímulos no fim de 2018 ou início de 2019”, prevê Carvalho, cujo cenário-base prevê Selic a 7,5% no fim do próximo ano.
No fim de novembro, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, comentou que há percepção mais cética dos estrangeiros sobre o juro. “Esse ceticismo se deve a dúvidas sobre o sucesso do ajuste fiscal”, disse. O Itaú, porém, não compartilha dessa visão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.