Economia

Tesouro: redução de dívida se deve a vencimento de títulos que ocorre em janeiro

Vencimentos de títulos prefixados concentrados no mês de janeiro levaram a Dívida Pública Federal (DPF) a cair 1,91% no mês. De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Leandro Secunho, no primeiro mês do ano houve vencimento de 30% do total de títulos prefixados que vencem em 2017. Foram resgatados R$ 145,333 bilhões, dos quais 97,05% são papéis prefixados.

Também foi em janeiro o maior vencimento previsto para a dívida externa em 2017, que somou US$ 2 bilhões. “A redução da dívida se deve a vencimentos de títulos que ocorrem tradicionalmente em janeiro”, afirmou Secunho.

Maior fatia

A maior fatia dos títulos da DPF que venceram no mês de janeiro era detida por instituições financeiras, explicou Secunho. Segundo o técnico, esses detentores tiveram uma redução de aproximadamente R$ 63 bilhões em suas carteiras, o que levou a sua participação na dívida federal de 23,06% em dezembro para 21,30% janeiro.

No mês passado, houve resgate de R$ 154,4 bilhões, sendo a maior parte (97%) em títulos prefixados da dívida interna, informou o Tesouro. Na dívida externa, também houve vencimentos de títulos (Global 2017), o que levou à redução da participação dos não-residentes de 14,33% em dezembro para 14,22% para janeiro. “A redução de estrangeiros se deve ao vencimento de títulos que ainda não foram rolados”, disse Secunho.

O coordenador destacou ainda que mais de 25% da dívida é detido por fundos de Previdência, sendo de 43% da carteira desses detentores são títulos com mais de cinco anos de prazo. “Isso é positivo em termos de gestão de dívida”, afirmou.

Secunho disse também que a parcela de 15,44% da DPF vencendo em até 12 meses é a menor da série, iniciada em novembro de 2006. O coordenador também destacou o prazo médio da dívida de 4,68 anos, que também é positivo. “Mas a expectativa é de redução no prazo médio ao longo de 2017”, ponderou. O Plano Anual de Financiamento (PAF) prevê como meta um prazo médio entre 4,2 anos e 4,4 anos.

Mudança estrutural

A mudança no perfil dos detentores da Dívida Pública Federal, com as instituições de previdência complementar tomando a dianteira que historicamente era dos bancos, é estrutural e mostra o amadurecimento do mercado brasileiro, afirmou Secunho.

Nos últimos meses, a fatia das instituições de previdência ultrapassou a das instituições financeiras: em janeiro, as primeiras tinham 25,58% da dívida, enquanto os bancos detinham 21,3%. Em dezembro de 2015, as instituições financeiras tinham 25,01%, enquanto as de previdência complementar detinham 21,37%”É positivo estarmos vendendo mais títulos para o detentor final, que são as instituições de Previdência. Isso mostra o amadurecimento do mercado brasileiro”,

Para Secunho, a reforma da Previdência Social deve aumentar a demanda por títulos públicos, tanto pelas instituições como pelas pessoas físicas, pelo programa Tesouro Direto.

Títulos atrelados à Selic

O Tesouro Nacional reforçou nesta segunda o objetivo de emitir LFTs – títulos pós-fixado com rentabilidade atrelada à variação da taxa Selic – em valor maior do que o volume de resgates programados para este ano. Enquanto isso, os títulos prefixados devem seguir tendência contrária, com resgate líquido desses papéis. “Uma parte dos títulos prefixados que vencem em 2017 serão rolados com outros títulos, incluindo LFTs”, explicou Secunho.

Segundo o coordenador, uma rolagem integral dos vencimentos de prefixados com títulos de mesmo perfil poderia ter um custo elevado para o Tesouro Nacional, bem como causar pressão nas taxas de juros do mercado. No entanto, ele ressaltou que não há qualquer dificuldade em colocar títulos prefixados no mercado, e as vendas desses papéis em janeiro e fevereiro foram “bastante relevantes” em meio ao ciclo de queda de juros. “Temos tido demanda por prefixados e havendo espaço vamos amenizar trajetória de queda (na participação) desses papéis”, disse Secunho.

No mês passado, o Tesouro anunciou as novas metas do PAF, incorporando uma estratégia de emitir mais LFTs devido à disposição do órgão em assumir “um pouco mais de risco”, tendo como contrapartida a redução do custo da dívida pública federal. A mudança também incluiu as metas de longo prazo, com alta de 15% para 20% no porcentual de LFTs a ser perseguido para que seja alcançado o chamado “perfil ótimo”.

A decisão ocorre num momento de flexibilização da política monetária com aceleração do ritmo de queda da Selic pelo Banco Central e busca da consolidação do ajuste fiscal. O aumento da parcela dos títulos atrelados à taxa flutuante também considerou a avaliação do Tesouro que a venda desses títulos, com prazos maiores de vencimento, é melhor do ponto de vista de custo e risco da dívida do que os prefixados de curto prazo. “Mas a ideia é que a trajetória de aumentos nos prefixados seja retomada no futuro”, afirmou Secunho.

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