A dificuldade das empresas em conseguir crédito no mercado também é retratada em uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De um total de 430 indústrias de pequeno a grande porte, quase metade tentou contratar ou renovar alguma linha de crédito. Dessas, 11,7% tiveram o pedido recusado e 25,4% conseguiram menos de 60% do valor solicitado.
“As condições de crédito continuam muito ruins e, para a indústria, são piores. As empresas estão em grandes dificuldades, conhecidas pelos bancos”, diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.
De acordo com a pesquisa, a situação foi pior entre aquelas empresas que buscaram crédito para pagar dívidas. Nesse grupo, 19,1% não tiveram o empréstimo aprovado. Para quem buscou linha de crédito para capital de giro, 11,6% não tiveram o crédito aprovado. Os motivos para a recusa dos bancos variou de garantias insuficientes ao elevado endividamento.
Mesmo para quem teve o empréstimo aprovado, as situações foram muito piores do que as do ano anterior. Algumas não aceitaram o crédito por causa do elevado custo e prazo curto.
Entre as empresas que tiveram o crédito recusado pelas instituições financeiras, o resultado foi o atraso ou renegociação com pagamento de fornecedores, cancelamento (ou redução) de investimentos e redução do quadro de funcionários. “É uma situação crítica que provoca um círculo vicioso. A elevação das margens e dos juros provocam inadimplência, que influencia na formação da taxa cobrada no mercado.”
Segundo ele, diante da dificuldade de se financiar, uma das primeiras medidas adotadas pelas empresas é o atraso no pagamento de tributos. “A empresa não pode deixar de pagar funcionário porque senão a atividade para. O mesmo ocorre com fornecedores, que deixam de entregar a matéria-prima, por exemplo.” Francini lembra que nos últimos três anos, o setor perdeu 500 mil empregos.
Para o pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público, José Roberto Afonso, historicamente era escasso o crédito para investimento de longo prazo, restrito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), hoje o crédito de curto prazo também sumiu. “Ou seja, as empresas não só ficam desestimuladas a se expandirem, como têm dificuldades até mesmo para produzir, contratar empregados e para funcionar no dia a dia.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.