Quase metade do valor concedido como empréstimo a empresas no Brasil envolve elevado risco ambiental, mas mais de um quinto desse montante já é voltado para negócios da chamada Economia Verde. E o caminho para ampliar a parcela sustentável no crédito concedido no País está aberto, partindo de um estudo que inclui a aplicação de uma nova metodologia para mensurar a alocação de recursos financeiros em atividades ligadas a redução da emissão de carbono, eficiência no uso de recursos naturais e inclusão social, pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
A metodologia Verde havia sido desenvolvida inicialmente pela federação em 2015, mas era calcada nas informações enviadas por bancos que aderiam voluntariamente à iniciativa e representavam cerca de 86% do mercado de crédito para clientes pessoa jurídica.
Agora a análise conta com o apoio do Banco Central, o que permite classificar todas as informações registradas no Sistema de Informações de Crédito (SCR). Para aplicar a nova classificação sobre essa base, a Febraban contou com o apoio da PUC-Rio.
"Seus resultados podem ser utilizados para direcionar fluxos de capitais para as atividades com maior contribuição socioambiental, formular estratégias para gerir riscos associados às mudanças climáticas e identificar novas oportunidades de negócios", diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.
Sem esse parâmetro à mão, o sistema conseguiu consolidar o quinhão destinado a empresas da Economia Verde, mas não tem conseguido avançar. Entre 2019 e o ano passado, essa parcela recuou de 22,48% para 21,75%. Em 2020, dos R$ 1,73 trilhão emprestados a empresas, R$ 376 milhões foram concedidos a negócios sustentáveis.
Segundo a Febraban, pode haver superposição entre esses créditos e a parcela destinada a negócios que envolvem alto risco ambiental, já que atividades como a conservação de florestas, por exemplo, contribui para a Economia Verde, mas também está sujeita aos riscos físicos das mudanças climáticas.