Economia

Apesar de programas, igualdade de gênero nas empresas ainda é desafio

A busca pelo equilíbrio em um ambiente corporativo vai muito além de assinaturas e discursos. E pode chegar à mais básica das questões: a oferta de banheiros aos funcionários, como descobriu a Braskem. Como o setor petroquímico tem historicamente uma baixa participação das mulheres – hoje, a presença feminina na empresa ainda está em 22% -, o vice-presidente de comunicação, marketing e desenvolvimento sustentável da empresa, Marcelo Arantes, diz que algumas “lacunas” acabaram passando despercebidas ao longo do tempo.

Uma delas: a quantidade limitada de banheiros femininos no setor industrial, o que obrigava as mulheres a ter de andar bem mais do que os homens quando precisavam ir ao toalete. Além disso, as unidades produtivas também não tinham vagas para grávidas. A partir do diálogo com as funcionárias, a Braskem converteu 73 banheiros, em todo o Brasil, de masculino (ou misto) para feminino. Também providenciou estacionamento adequado para gestantes.

Nas áreas administrativas, a presença das mulheres é maior. Ao valorizar a presença feminina, a empresa também se preocupa em demonstrar que as escolhas pessoais das funcionárias não sejam um impeditivo para seu desenvolvimento profissional. Marina Amore, 33 anos, que trabalha no departamento de marketing da Braskem, está buscando este equilíbrio neste momento.

Marina voltou há cerca de um mês de sua segunda licença-maternidade e, agora, trabalha junto com sua gestora para encontrar o equilíbrio entre suas tarefas familiares e as obrigações na empresa. Ela conta que, entre os temas que já debateu desde seu retorno ao trabalho, está a questão das viagens corporativas. “Eu e minha chefe combinamos que eu saberei claramente quando for essencial que eu faça uma viagem”, exemplifica.

A igualdade entre gêneros é uma das principais bandeiras da presidente da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), Deborah Vieitas. “As empresas têm de entender o duplo papel da mulher. Precisam criar espaço para que elas evoluam na carreira enquanto constituem família e têm filhos. Assim, não vão perder profissionais preparadas, que optam por deixar a carreira para priorizar a família”, diz.

A presença de Deborah na presidência da Amcham, aliás, reforça a mudança – e também a lenta evolução – da questão do gênero no meio empresarial. Em 96 anos de história, esta é a primeira vez que a entidade é liderada por uma mulher. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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