O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou que qualquer eventual medida de flexibilização da política monetária será tomada com base na “combinação de fatores” e não há fator independente que determinará qualquer movimento do Banco Central. “O Copom (Comitê de Política Monetária) avaliará uma combinação de fatores. Não há fator que seja importante por si só que vai determinar”, citou durante a audiência pública.
Sobre essa perspectiva de flexibilização, Ilan lembrou que o “BC não tem cronograma preestabelecido para a flexibilização da política monetária”. Qualquer medida, explicou o presidente do BC, será tomada com “base na evolução da combinação, perspectiva e evolução dos fatores”. Essa avaliação, disse o presidente do BC, dependerá do alcance desses fatores avaliados sobre a inflação.
O presidente do BC reafirmou que qualquer movimento da casa dependerá da avaliação de três fatores: limitação do choque de alimentos, desinflação em velocidade adequada e avanço nas reformas para ajuste da economia. Ilan repetiu a avaliação recente de que “há sinais inconclusivos sobre a velocidade da inflação para a meta”. Outro item que ainda precisa ser avaliado é a trajetória de serviços e o impacto desse grupo no IPCA, comentou.
Ilan ainda comentou a tramitação do ajuste fiscal. “Há sinais positivos em relação ao encaminhamento e apreciação das reformas. Entretanto, o processo de tramitação ainda está no início e incertezas permanecem”, disse, ao comentar que o tema fiscal é “relevante na medida em que impactam no balanço de riscos”.
O presidente do Banco Central também ressaltou a mudança do cenário macroeconômico. Ao responder questão da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), ele destacou que o custo dos contratos que servem como seguro contra calote, os Credit Default Swap (CDS), caiu pela metade ao longo dos últimos meses. Apesar dessa percepção positiva, Ilan citou que “há muito trabalho a fazer”.
“O risco percebido na economia brasileira tem diminuído. O seguro contra problemas que podem ocorrer no Brasil, que é o CDS, estava 575 e agora está menos que a metade. Ou seja, em seis meses o risco percebido pelos investidores é menos que a metade”, disse o presidente do BC em audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. “Outro indicador são os juros longos da economia. Desde abril, já caíram 500 pontos-base. Os juros longos que caem são aqueles que incentivam o investimento. Houve alguns progressos palpáveis”, disse.
Para Ilan, o progresso recente, porém, não exime o governo de continuar avançando. “Há necessidade de continuar. O juro longo está caindo, mas o caminho é longo. A crise foi severa e percepção de confiança foi alterada de modo significativo. Mesmo com a volta da confiança, há muito trabalho a fazer”, disse.