O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou nesta terça-feira, 15, que o banco do Brics, criado hoje na cúpula de líderes de Fortaleza, vai abrigar fundos especiais. Esses fundos não farão parte do capital do banco. O primeiro fundo, informou o ministro, será destinado à elaboração de projetos. “Não tem a ver com capital”, ressaltou. Segundo ele, a China vai repassar recursos para o fundo. Na avaliação do ministro, os fundos vão aumentar a ação do banco de desenvolvimento. “Certamente será um banco importante”, afirmou.
Mantega afirmou ainda que o banco do Brics terá três conselhos: o de ministros (esfera política), o de administração e o executivo. Ele fez questão de ressaltar que o comando do banco será do Conselho de Administração.
O Brasil terá direito à primeira presidência do Conselho de Administração. Mantega afirmou ainda que o Conselho de Administração funcionará com em uma empresa e a diretoria será a instância operacional do banco.
Questionado sobre as taxas de juros do banco, o ministro disse que ainda era cedo para falar sobre isso, mas acrescentou que serão “razoáveis”, com exigência normais. Ele destacou que o governo brasileiro terá ainda que submeter a criação do banco ao Congresso e que a nova instituição não competirá com o BNDES, principalmente porque há escassez de crédito para investimento. Em sua avaliação, as empresas do Brasil terão nova facilidade para tomar crédito. O dinheiro para o aporte do banco virá do Tesouro, ao longo de sete anos.
O ministro ponderou ainda que o Acordo Contingente de Reservas é um colchão, uma retaguarda, caso haja algum problema cambial. Segundo ele, mesmo que China tenha mais fatias no acordo de reservas, os demais países do grupo têm poder de veto, o que não acontece no Fundo Monetário Internacional (FMI). “Se um país que tem US$ 18 bilhões no acordo de reservas pedir mais, podemos liberar 30%. A liberação dos 70% restantes precisará de consulta prévia”, disse.
Durante a coletiva de imprensa, Mantega lembrou ainda que o G-7 (grupo das sete maiores economias do mundo) foi substituído pelo G-20, sendo que países emergentes, como os que formam o Brics, ganharam expressão. O ministro destacou ainda o volume de reservas do Brics. Segundo ele, o banco e o total de reservas dos países que formam o grupo complementam a atuação do FMI e do Banco Mundial.