O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, disse nesta terça-feira, 29, que o crédito em junho seguiu a tendência de crescimento na comparação mensal, mas em horizonte mais longo (interanual) a tendência é de moderação. O estoque de operações de crédito do sistema financeiro subiu 0,9% em junho ante maio e chegou a R$ 2,830 trilhões. No acumulado em 12 meses, houve elevação de 11,8%.
“A tendência de moderação se vê também nos segmentos de crédito livre e direcionado”, disse Maciel. Ele acrescentou que essa moderação do crescimento de crédito é mais nítida no caso do crédito direcionado. “A moderação do crédito direcionado se deve tanto à moderação do crédito habitacional quanto de investimento, em especial o crédito do BNDES, que tem mostrado arrefecimento mais claro”, disse.
As operações de crédito direcionado para habitação no segmento pessoa física cresceram 2,1% em junho ante maio, totalizando R$ 384,517 bilhões no fim do mês passado, de acordo com o BC. Em 12 meses, a expansão é de 28,9%. Segundo o BC, R$ 38,754 bilhões se referem a empréstimos a taxas de mercado e R$ 345,763 bilhões, a taxas reguladas.
O BC deixou de incorporar nesses dados as operações com crédito livre, por serem residuais. As operações a taxas de mercado apresentaram crescimento de 1,3% no mês e de 23,6% em 12 meses. Já os financiamentos a taxas reguladas avançaram 2,2% ante o mês anterior e 29,5% em 12 meses.
Maciel afirmou que, no longo prazo, a moderação do crédito tem caráter benigno, que é sustentabilidade.
Segundo os dados divulgados na manhã desta terça-feira, 29, pelo BC, a taxa de juros para pessoa física no crédito livre, de 43% ao ano, é a maior desde março de 2011.
Inadimplência
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou que a expansão moderada do crédito ocorre em momento de inadimplência historicamente baixa. “A inadimplência está em quadro melhor e os atrasos de 15 a 90 dias também estão comportados”, afirmou.
Em relação às taxas de juros, Maciel considera que há acomodação. “Temos acomodação das taxas em patamar mais alto depois de um ciclo de política monetária que conferiu tendência de elevação desde maio do ano passado às taxas de juros. Agora as taxas estão se acomodando em patamar mais alto”, disse.
Questionado sobre spread, Maciel afirmou que as modalidades que têm taxas de juros mais elevadas são mais sensíveis ao movimento da Selic. “O cheque especial, por exemplo, no ciclo de alta de taxa de juros teve elevação em proporção mais acentuada. Por outro lado, quando o ciclo é de baixa, a taxa também tem essa redução. Isso acaba conferindo maior movimento aos spreads como um todo”, disse.