Horas depois de o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitir que o Palácio do Planalto está pressionando governadores e prefeitos a trabalhar pela reforma da Previdência em troca da liberação de recursos e financiamento de bancos públicos, coube ao vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), suavizar o discurso. “Nós não vamos fazer condicionamento, isso não tem nenhum cabimento”, declarou Mansur nesta tarde.
O deputado passou pelo Palácio do Planalto nesta tarde e confirmou aos jornalistas que o governo federal está “conversando” intensamente com governadores e prefeitos em busca de votos a favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). “Se governadores e prefeitos não fizerem nada, a reforma que for aprovada na Câmara e no Senado vai valer em seis meses para Estados e municípios”, lembrou. Mansur disse que a “pressão” é uma posição do ministro e que ele pessoalmente vai trabalhar no “convencimento” dos parlamentares.
O vice-líder disse que a campanha publicitária em defesa da reforma vai se intensificar nas próximas semanas no rádio e na TV, mantendo o mote do fim dos privilégios. No campo da negociação com parlamentares, Mansur explicou que a estratégia é retomar a contagem diária de votos, ouvindo os “anseios” e as pendências (pagamento de emendas e cargos) das bancadas, conversando individualmente com os deputados e tentando ganhar o voto dos indecisos. O foco, segundo Mansur, será convencer os partidos aliados, como PR e PSD, a fecharem questão – mecanismo onde os deputados são obrigados a seguir a orientação partidária na votação, sob risco de punição aos desobedientes.
De acordo com o vice-líder, o governo tinha 267 votos antes do início do recesso. Ele vê espaço para que o governo alcance em 45 dias os 308 votos necessários para aprovar a PEC. “É sempre bom manter o contato (direto) com o parlamentar”, afirmou.
Em entrevista, Mansur defendeu que o texto final do relator Arthur Maia (PPS-BA) seja apresentado na véspera da votação, marcada para começar no dia 19 de fevereiro. Sobre a abertura de mais espaço para os aliados na Esplanada dos Ministérios, Mansur desconversou sobre a realização de novas mudanças na equipe do presidente Michel Temer e disse que o maior problema no governo era o PSDB (que não entregava votos suficientes a favor do governo, mas ocupava quatro ministérios). Hoje os tucanos só têm o Ministério das Relações Exteriores. “A minirreforma (ministerial) já foi feita”, concluiu Mansur.