Um bitcoin já vale mais que o ouro. Na semana passada, a cotação da moeda virtual mais usada no mundo superou o preço de uma onça-troy de ouro no mercado norte-americano. No Brasil, um único bitcoin já é suficiente para comprar cerca de 250 ações preferenciais da Petrobras.
Na sexta-feira (4), conforme o Nyse Bitcoin Index, índice da Bolsa de Nova York que reflete os preços da moeda virtual no mercado norte-americano, um bitcoin valia US$ 1.280,16. Já o contrato futuro de ouro para abril era cotado a US$ 1.226,50 a onça-troy (cerca de 31,1 gramas do metal).
Só em 2017, o bitcoin acumula alta de 34,51%, bem acima dos cerca de 6% de valorização do ouro nos EUA. Esta escalada mais recente da moeda virtual está ligada, em grande parte, às incertezas políticas com a chegada de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
“O que está acontecendo é que, dada a eleição de Trump e toda a insegurança que se tem, muita gente está vendo o bitcoin como um ativo seguro”, afirma Rodrigo Batista, sócio do MercadoBitcoin, empresa de negociação da moeda virtual. “É um sinal de que a tecnologia está assumindo esta importância, a ponto de o dinheiro que existe no mundo virtual rivalizar com o ouro que, em todas as culturas, sempre foi o ativo considerado mais seguro.”
Além do “efeito Trump”, Batista cita a procura pela moeda virtual em países como Venezuela, Índia e China. “Há aumento da demanda em lugares com políticas restritivas. É o caso da Venezuela, onde praticamente não existe mais política monetária”, explica Batista. “Na Índia, o governo proibiu a circulação de moedas com valores altos e, na China, o governo vem impondo restrições ao envio de dinheiro ao exterior.”
Neste ambiente, todo o bitcoin em circulação no mundo já soma o equivalente a US$ 20 bilhões. O uso de moedas virtuais, no entanto, é polêmico. Isso porque não há nos países regulação específica para elas.
Moeda virtual mais bem sucedida até hoje, o bitcoin é uma sequência numérica reconhecida por um sistema, o blockchain. Uma forma comum de entender o bitcoin é reconhecê-lo como um ativo qualquer, como o ouro. A diferença é que ele não tem representação física, como o próprio ouro.
O valor de uma moeda – virtual ou não – está ligado à confiança que as pessoas têm de que ela, de fato, vale alguma coisa. Isso ajuda a explicar o motivo para que o bitcoin tenha algum valor: as pessoas acreditam nisso, apesar de a divisa virtual não ser emitida por um governo ou lastreada em algum outro ativo.
Brasil. O Banco Central (BC) do Brasil não reconhece o bitcoin como moeda. Nos últimos anos, sempre que abordou o assunto, o BC alertou que instituições e pessoas que negociam as moedas virtuais não são reguladas nem supervisionadas. Na prática, é um mercado sem regras, sujeito a grandes variações de preços. O BC não controla nem intervém.
Isso não tem impedido que corretoras explorem o filão, nem que o bitcoin continue sendo negociado. O índice IXBTC, disponível no Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, e calculado pela FlowBTC – plataforma especializada em moedas digitais -, indicava na sexta-feira (4) que um bitcoin valia R$ 3.866,49 no Brasil. Com este valor, seria possível comprar 252 ações preferenciais da Petrobras.