A indústria brasileira opera 6,9% abaixo de seu pico de produção, registrado em junho de 2013, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo André Macedo, gerente da Coordenação da Indústria do órgão, o viés negativo da produção não é algo recente e vem sendo observado desde outubro do ano passado.
De lá para cá, sete dos dez meses já apurados apontaram recuo na produção, notou Macedo. “A baixa confiança de empresários e de consumidores, a evolução mais lenta da demanda doméstica, seja porque tem menor crescimento da renda ou por maior seletividade do crédito, a redução de exportações para parceiros importantes, a maior penetração de importados. Isso tudo acaba formando um cenário de setores com estoques bem acima de seu nível atual. Para corrigir isso, há redução na produção”, explicou Macedo.
Segundo Macedo, mesmo taxas expressivas registradas em julho ante junho, como em veículos automotores (8,5%) e equipamentos de informática (44,1%) devem ser relativizadas, diante o mau desempenho que esses setores vinham apresentando nos meses anteriores. Além disso, muitas delas têm desempenho abaixo do ano passado. No acumulado de 2014, 18 das 26 atividades apontam queda na produção, segundo o IBGE.
A queda de 1,2% na produção em 12 meses até julho é a mais intensa neste tipo de comparação desde janeiro de 2013 (-1,5%), informou o IBGE. “Mesmo com o resultado positivo na margem, a trajetória negativa permanece”, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do instituto.
Em julho, a produção aumentou 0,7% na margem, após cinco meses de queda. Entre as grandes categorias com maior avanço estão os bens de consumo duráveis, com alta de 20,3% em julho ante junho. Foi o aumento mais intenso neste tipo de comparação desde janeiro de 2009 (+26,1%).
Apesar disso, Macedo ressaltou que a base mais baixa de comparação contribuiu para o resultado positivo. A atividade de duráveis, principalmente veículos, havia sido afetada em junho pelas paralisações causadas pela Copa do Mundo.