Há risco de a União Europeia endurecer os controles sobre a importação de carnes e derivados do Brasil, disse na terça-feira, 28, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, após reunir-se com o comissário europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis. “Ele me disse claramente: há uma pressão muito forte por parte de países-membros, que querem uma atitude mais dura por parte da Comunidade Europeia”, relatou. “Ele está tentando nos ajudar, então cabe a nós, agora, sermos muito proativos nesse processo.”
Na reunião, o europeu propôs a Maggi a realização de uma auditoria externa no sistema de controle sanitário brasileiro. “Por mim, não tem problema”, disse o ministro. Ele disse que vai analisar o assunto.
Desde que a Polícia Federal deflagrou a operação Carne Fraca, a Europa manteve seu mercado aberto para o produto brasileiro, com exceção daqueles exportados pelos 21 frigoríficos que foram alvo da operação. Porém, ainda restam muitas dúvidas e há países insatisfeitos.
“Por enquanto, vamos manter a fiscalização reforçada nos pontos de entrada e enviar auditorias assim que possível”, disse o comissário. Ele acrescentou que haverá uma nova reunião na quinta-feira para prosseguir com o detalhamento das medidas adotadas pelo governo. De posse dessas informações, e também de exames que os europeus estão fazendo com a carne brasileira, “vamos reavaliar medidas conforme as coisas forem evoluindo.”
Para Andriukaitis, é preciso reassegurar aos europeus que eles podem confiar no sistema de controle sanitário oficial. “Nos controles oficiais independentes”, disse frisando a última palavra. “A suspeita de corrupção é inaceitável. Ainda mais quando diz respeito à saúde das pessoas, aqui e na Europa.”
O comissário disse esperar que as autoridades brasileiras implementem ações corretas para restaurar a credibilidade rapidamente: “Está nas mãos deles.”
Questionado se o Brasil está num bom caminho para recuperar a confiança, ele disse que ainda é difícil determinar se o problema no controle sanitário brasileiro é pontual ou sistêmico. Mas que, até o momento, está satisfeito com as medidas adotadas pelo governo brasileiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.