Diante das ações do prefeito João Doria contra pichações e grafites, artistas e especialistas questionam a falta de diálogo com a Prefeitura. Para eles, as manifestações de arte urbana são patrimônio cultural que deve ser preservado na cidade.
“Há fundações internacionais, como a Cartier, de Paris, que recebem e apoiam pichadores brasileiros. Temos de estar de braços abertos para essa molecada, chamá-los para o diálogo”, defende o artista plástico Rui Amaral, um dos precursores do grafite em São Paulo. Amaral vai se reunir com o secretário de Cultura, André Sturm, nos próximos dias para discutir as medidas recentes.
Amaral foi um dos curadores do corredor de arte urbana da Avenida 23 de Maio. Segundo ele, o projeto, conhecido como um dos maiores murais do tipo no mundo, englobou tanto a pichação quanto o grafite – e sua junção, conhecida como “grapixo”. Alguns desses trabalhos foram cobertos de tinta pelo prefeito há pouco mais de uma semana, durante uma ação do programa “Cidade Linda”.
A artista, curadora e pesquisadora de arte urbana Lilian Amaral também cobra uma participação maior da Secretaria de Cultura no diálogo com os artistas de rua. “Estamos falando de produção cultural. Não foi ao acaso que essas manifestações artísticas conquistaram espaço e chegaram ao ponto de estarem ligadas à identidade da cidade”, explica.
Segundo a pesquisadora, o grafite e a pichação são linguagens artísticas que têm uma mesma origem, ligada à ocupação de espaços públicos. “É um tipo de manifestação consolidada no século 21. Temos de entender a arte urbana como patrimônio. É um equívoco apagá-la. É como apagar a memória da cidade.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.