Os pesados confrontos entre forças do governo ucraniano e rebeldes pró-Rússia continuavam nesta quarta-feira no leste da Ucrânia, em meio a esforços diplomáticos antes de uma reunião entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo ucraniano, Petro Poroshenko. Combates com tropas do governo, que tentam retomar o controle de Donetsk e de uma importante estrada no leste do país, deixaram 34 moradores da cidade mortos e 29 feridos na terça-feira.
O encontro entre Putin e Poroshenko, marcado para 26 de agosto em Minsk, capital da Bielo-Rússia, será o primeiro entre os dois líderes nos últimos dois meses e faz parte de um esforço maior que pode forçar Kiev a escolher entre manter sua ofensiva ou fazer concessões a Moscou para encerrar os combates.
Autoridades ocidentais e ucranianas demonstraram esperança em relação à nova rodada de discussões diplomáticas, apesar das consideráveis diferenças que precisam ser superadas. A Ucrânia responsabiliza a Rússia por fomentar a rebelião e por enviar armas e combatentes para seu território para participar dos combates, acusação negada por Moscou.
A Ucrânia vem avançando em relação aos separatistas. Segundo o coronel Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Defesa e Segurança Nacional da Ucrânia, as forças do governo estabeleceram 30 posições ao redor de Donetsk e bloquearam várias tentativas rebeldes de transportar armamentos pesados para áreas na região vizinha de Lugansk que estão sob controle insurgente.
Autoridades em Lugansk dizem que a cidade está sem eletricidade, água e gás há mais de duas semanas.
As forças de Kiev tomaram de volta a cidade de Ilovaisk, que vinha servindo como a principal rota para os rebeldes reforçarem suas posições em Donetsk, após dias de intensas batalhas, afirmou Lysenko.
O Exército ucraniano repeliu três contra-ataques dos rebeldes, que usaram tanques e artilharia, mas confrontos esparsos continuavam a acontecer em Ilovaisk, apesar de o Exército ter conquistado o controle total da localidade, afirmou Lysenko
Líderes rebeldes negam ter perdido o controle da cidade.
O coronel Lysenko disse que nove militares ucranianos haviam morrido na terça-feira e que 22 ficaram feridos.
A tomada de Ilovaisk é parte de uma nova estratégia de Poroshenko para conter os rebeldes e interromper suas linhas de abastecimento, disse Lysenko. Em vez de apenas reduzir o território controlado pelos rebeldes, o Exército tenta isolá-los em subgrupos.
Lysenko, porém, reiterou que Kiev espera que a reunião entre Poroshenko, Putin e graduadas autoridades europeias represente um avanço. Ele declarou que a Ucrânia espera ver progressos no “plano de paz” de Poroshenko que pede que os rebeldes baixem suas armas em troca de maior autonomia para as regiões do país. “Não há necessidade de guerra”, afirmou.
Os rebeldes rejeitaram os pedidos para baixar as armas e exigem independência. Políticos e eleitores ucranianos são céticos em relação a uma trégua imediata, afirmando que isso poderia dar aos rebeldes uma chance para consolidar o controle sobre alguns territórios e dar à Rússia influência de longo prazo. Autoridades ucranianas disseram que um cessar-fogo anterior, no final de junho, permitiu aos rebeldes abrir trincheiras e refazer seus estoques de armas.