A polícia da China prendeu um renomado poeta e outras sete pessoas que participariam de um sarau em Beijing para apoiar os protestos de Hong Kong em favor da democracia. A informação foi confirmada por familiares dos detidos nesta quarta-feira.
O poeta Wang Zang foi preso na frente da sua residência na noite do dia 1º de outubro e teve seu apartamento revistado. Segundo sua esposa, Wang Li, os policiais confiscaram um computador, um roteador e outros objetos.
O advogado de Wang, Sui Muqing, disse que seu cliente foi detido por “provocar tumulto”. Em caso de condenação, o poeta poderá cumprir sentença de até três anos de reclusão.
Segundo Sui, a prisão de Wang provavelmente está relacionada a uma fotografia que o poeta publicou na sua conta pessoal no Twitter. Na imagem, Wang aparece erguendo o dedo do meio e segurando um guarda-chuva, símbolo de solidariedade aos manifestantes de Hong Kong, que pedem eleições livres no território.
A mensagem da foto na rede social dizia: “Usando roupas pretas, careca e segurando um guarda-chuva, eu apoio Hong Kong”. O advogado diz não saber quando poderá se encontrar com o cliente.
“Em Pequim, somos sempre observados”, afirma Wang Li, que não vê o marido desde a prisão. “Já nos mudamos oito vezes. A polícia tem batido à nossa porta. Eles não nos deixam viver”.
Wang Zang faria uma declamação no dia 2 de outubro, no distrito de Songzhuang, conhecido pelo seu viés artístico e por apoiar os manifestantes de Hong Kong. A polícia também prendeu sete pessoas que iam ao evento, incluindo os artistas Zhu Yanguang e Fei Xiaosheng e a jornalista Miao Zhang, informam familiares.
O irmão da jornalista Melanie Wang disse que ela foi detida no caminho para o evento, que sequer começou, e está presa em um centro de detenção da capital por tentar perturbar a ordem pública.
Segundo a Anistia Internacional, 37 pessoas foram detidas na China por demonstrar solidariedade às manifestações e outras 60 foram chamadas pela polícia para prestar esclarecimentos.
A mídia chinesa é mantida sob controle no que tange aos protestos em Hong Kong, que representam o maior desafio político aos líderes chineses nas últimas décadas. Somente após vários dias de manifestações os jornais e redes de TV do país começaram a mostrar imagens das ruas de Hong Kong, com as pessoas já se dispersando, e fazendo críticas aos manifestantes. Fonte: Associated Press.